terça-feira, 29 de novembro de 2016

O "Eixo-pró-Obama-anti-Putin" da Clara


O programa pseudo-ex-satírico da SIC assemelha-se actualmente cada vez mais a um conselho de ministros de António Costa naquela estação televisiva. Entre loas e hossanas dedicadas ao primeiro-ministro durante quase uma hora de emissão, sobra ainda, de vez em quando, um espaço para umas "bicadas" internacionais que variam da eloquencia ao insulto consoante a ideologia do visado.
Na última sessão de propaganda á Geringonça, Clara Ferreira Alves saiu-se com uma "notícia" aterradora de especulação política grosseira. Segundo a dita cuja, existe uma tragédia em Aleppo, a segunda maior cidade síria, que as forças do regime de Assad apoiados pela aviação russa procuram retirar das garras do Estado Islamico. Até aqui tudo bem. Porém, a comentadora, agora expert em assuntos militares, não se eximiu em pormenorizar que as bombas despejadas pela aviação de Putin são artefactos assassinos que destroem hospitais, escolas, civis, mulheres e crianças. 
Não duvido que existam os tais "danos colaterais" num conflito em que se debatem e matam os mais variados interesses fora das regras da Convenção de Genebra por não se tratarem de combates entre forças convencionais, mas de vários grupos de "soldados" ocasionais que se regem por doutrinas próprias.
O que me causou urticária intelectual foi a pretensa relação que Clara Ferreira Alves pretendeu fazer entre um homicida presidente Putin e um glorioso presidente Obama, omitindo, após uma engraxadela ao ainda hóspede da Casa Branca, que foi ele, o Barack, o responsável pelo apocalipse na Síria e que as bombas made in USA causam em Mossul, no Iraque, os mesmos danos e vítimas civis na guerra contra o Estado Islãmico, dada a estratégia dos terroristas de se fundirem ou confundirem e protegerem entre a população. 
Lá que a Clara seja uma admiradora fiel de Obama está no seu direito. Omitir e deliberadamente por simpatia ou antipatia numa estação de televisão é que não é justo nem sério.  

sábado, 26 de novembro de 2016

O carisma de Fidel Castro


Não sou da família política de Fidel Castro, nem de qualquer outra família política, mas reconheço o carisma do líder cubano num universo de inutilidades que presentemente chefiam ou representam os respectivos países. Não admira, portanto, que o mundo se encontre como está, perfeitamente á deriva e sem um rumo definido.
Que personagem, hoje em dia, se aproxima da gigantesca e controversa acção estadista de Fidel Castro? Nenhuma. Por muito que se vasculhe por essas terras fora, nenhum chefe de estado, rei, emir ou seja lá quem for atinge a dimensão universal do comandante que desceu da Sierra Maestra para derrubar o presidente Fulgencio Baptista e a Mafia dos destinos de Cuba. 
Admiro a coragem guerreira de Fidel Castro quando entrou vitorioso na capital Havana á frente de um exército de alguns milhares de homens depois de começar a histórica campanha apenas com um punhado de homens.
Num mundo fracturado então entre dois blocos, Fidel nem sequer simpatizava com o comunismo emanado da URSS e rompeu também com o maoísmo do camarada Che Guevara, um péssimo estratega militar. Enxotado politica, económica e comercialmente pelos Estados Unidos e seus satélites, a sobrevivencia de Cuba foi garantida pela União Soviética até á queda do Muro de Berlim.
Numa ilha em que o sistema de educação além de grátis era de excelencia e a saúde um direito primordial, Fidel Castro foi obrigado a abrir a porta aos dólares e ao turismo. E como subiu em flecha a actividade sexual com esta "abertura"...
O meu imaginário de miúdo transporta-me ao célebre "tango dos barbudos" e em adulto á guerra civil em Angola, onde assisti aos estragos das imponentes batalhas entre cubanos e MPLA versus sul-africanos e UNITA. Só vista aquela destruição e morte nos maiores confrontos de tanques desde a II Guerra Mundial.
Fidel Castro é o último político carismático, mesmo com a chancela de ditador, a "sair" para a "última viagem". Temos de nos haver no futuro com um Obama frouxo que ficará na História só por ser negro, um Hollande perfeitamente inútil, uma Merkkel asfixiada em "migrantes" e contradições depois de despir as calças e vestir as saias, um Junker figurativo trafulha nos impostos no seu Luxemburgo natal e aqui pela santa terrinha sobrevive-se com um comentador de afectos com um embusteiro semi-indiano pela mão, isto enquanto um amorfo Guterres não entra na ONU...


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O fim do PREC-75


25 de Novembro de 1975: combati com portugueses do meu lado contra portugueses com outras ideias e dispostos a discuti-las pela força das armas. A guerra civil esteve por um fio. O tiroteio foi intenso no assalto ao Regimento de Polícia Militar, na Calçada da Ajuda, em Lisboa. Tombaram mortalmente dois camaradas do meu lado. Um "adversário" foi abatido pelas nossas forças. Paz às suas almas. Nunca esquecerei esse dia!
Recordemos, com auxílio de www.areamilitar.net , os acontecimentos desses dias:

Na madrugada de 25 de Novembro de 1975, forças militares da extrema-esquerda saem da base de para-quedistas de Tancos.
Os comunistas pró-soviéticos, conhecedores da movimentação, reúnem de emergência o comité central às 03:30 da madrugada desse dia.
04:00 da madrugada, é confirmada a demissão de Otelo Saraiva de Carvalho da chefia do Comando Operacional do Continente, retirando à extrema-esquerda este posto militar de importância estratégica.
Quase à mesma hora, os movimentos da extrema esquerda emitem um comunicado a afirmar que chegou a hora dos trabalhadores mostrarem o seu poder. O objetivo é o de esmagar a besta fascista, aludindo a uma manifestação de agricultores anti-comunistas, que tinha erguido barricadas a 40 km a norte de Lisboa e à demissão de Otelo Saraiva de Carvalho.
04:30 - ocorre a primeira acção de contenção do golpe, quando quatro Chaimites do Regimento de Comandos (afecto às forças democráticas) montam guarda ao Palácio Presidencial em Belém.
05:00 – Unidades blindadas fiéis às forças democráticas saem do regimento de Cavalaria de Estremoz e da EPC (Escola Prática de Cavalaria) de Santarém, em direcção a Lisboa
06:00 – Tendo conhecimento desta movimentação militares esquerdistas do RALIS (Regimento de Artilharia de Lisboa) tomam posições defensivas na entrada norte de Lisboa, no aeroporto da Portela e no depósito de material de guerra em Beirolas. A movimentação dos blindados ocorrerá porém apenas no dia seguinte.. 
06:00 – 08:00
Forças dos para-quedistas tomam as instalações militares do DGACI de Monsanto (07:00)
Forças dos para-quedistas (extrema-esquerda) controlam a base de Tancos.
Forças também dos para-quedistas tomam as bases aéreas de Monte-Real, Montijo (Margem sul do Tejo) e Ota.
08:00 – As forças revolucionárias da extrema-esquerda tomam posições importantes, mas torna-se claro que o Presidente da República (cuja posição era indefinida) decidiu contrariar o golpe revolucionário.
09:00 – O Presidente da Republica reúne-se de emergência com o Conselho da Revolução para analisar a situação.
10:00 – O Partido Comunista apercebe-se que a situação, embora aparentemente favorável aos revolucionários não tem saída, desde que o Presidente decidiu contrariar o golpe. O PCP dá ordens à sua principal unidade operacional, os Fuzileiros Navais, de que «não é a altura para avançar».
12:00 - O presidente convoca Otelo Saraiva de Carvalho para que se apresente no Palácio de Belém.
14:00 - 16:00 - O Presidente da República manda que vários comandantes de unidades militares da região de Lisboa se apresentem no Palácio de Belém.
15:00 - Otelo Saraiva de Carvalho (desistindo de comandar os revoltosos) apresenta-se ao presidente.
16:00 – Depois de se informar sobre quais as acções que serão levadas a cabo pelos comunistas pró-soviéticos e pela central sindical comunista (CGTP), o Presidente da República declara o «Estado de Excepção» na Região Militar de Lisboa.
16:30 – Tropas do Regimento de Comandos (fiéis às forças democráticas) preparam-se para atacar a base de Monsanto, o Regimento de Artilharia de Lisboa e unidades do Regimento de Artilharia de Costa (aparentemente fiéis aos revoltosos da extrema-esquerda).
16:30 - O presidente manda emissários às instalações do comando da Força Aérea em Monsanto pedindo a rendição dos revoltosos, mas sem sucesso.
17:00 - Forças da EPAM (Escola Prática de Administração Militar) (extrema esquerda) tomam as instalações da Televisão. A emissão passa a ser constituída por bailados revolucionários e música clássica.
17:00 – Populares da região de Leiria cercam a base de Monte-Real, que tinha sido tomada pelos para-quedistas da extrema-esquerda e impedem a sua utilização.
19:15 – Os para-quedistas em Monsanto rendem-se às forças do Regimento de Comandos.
O capitão Duran Clemente, afecto aos revoltosos lia um comunicado mas é




interrompido e a emissão da RTP (Rádio Televisão Portuguesa) a partir de Lisboa, passa a ser assegurada a partir dos estúdios no Porto. A programação, que transmitia música sinfónica e um balet revolucionário (ao estilo chinês) prosseguirá depois com um filme americano com Danny Kaye.
No entanto o controlo do sinal de televisão tinha sido mais complexo que o que parecia.
As forças da extrema esquerda controlavam os estudios da RTP no Lumiar em Lisboa, mas quando as forças da esquerda revolucionária são cercadas no quartel de Monsanto, toda a área fica sob controlo das forças democráticas, que assim passam também a controlar o principal posto emissor de televisão em Lisboa que se encontra nas proximidades.
É aparentemente por essa razão que essas forças tiveram capacidade para cortar a emissão do Lumiar, substituindo-a pela emissão dos estúdios da RTP na cidade do Porto.
Embora controlassem o principal estúdio da televisão pública, os revolucionários da extrema-esquerda não tinham como colocar o sinal de televisão no ar.
Ao controlar o sinal de televisão, as forças democráticas podem então começar a regularizar a situação anunciando uma comunicação do Presidente da República.
Dia 26 de Novembro:




00:30 – A Base aérea da Ota volta ao controlo das forças democráticas.
01:00 – Populares da extrema-esquerda cavam trincheiras junto às instalações da Policia Militar na Ajuda, a apenas 500m (quinhentos metros) do Palácio Presidencial.
02:00 – Não tendo conseguido o controlo completo da situação, forças de infantaria vindas do Porto de Vila Real e de Braga, preparam-se para marchar sobre Lisboa.
07:20 – Os comandantes do Regimento de Policia Militar são convocados para se apresentarem ao Presidente da República, 500 metros mais abaixo, mas um plenário de militares revolucionários determina que o Presidente deve primeiro explicar as razões da convocação.
Um militar da presidência dá a palavra de honra de que os oficiais esquerdistas não serão presos e dois deles (Major Mário Tomé e Major Cuco Rosa) apresentam-se no palácio às 08:00 .
08:15 – Quinze minutos depois, os militares do Regimento de Comandos tomam de assalto o quartel do Regimento da Polícia Militar. Durante o assalto morrem dois militares, um Tenente e um 2º-Furriel.
Os comandantes da Policia Militar, contrariando a promessa dada, receberão ordem de prisão durante essa manhã.
Também durante a manhã, o comandante do RALIS apresenta-se ao presidente e é detido.
10:00 – Blindados chegados da Escola Prática de Cavalaria de Santarém controlam o Depósito-Geral de Material de Guerra.
À tarde, os Fuzileiros Navais, que não tinham aderido ao golpe por indicação do Partido Comunista cumprem ordens recebidas do Presidente para tomarem posições no forte de Almada e dispersam uma manifestação de populares junto ao seu quartel.
Por volta das 16:00 a EPAM (Escola Prática de Administração Militar) rende-se
Ao fim da tarde, a Base Aérea do Montijo volta ao comando da 1ª Região Aérea.
O golpe de 25 de Novembro tinha terminado.
Os militares que iniciaram a revolução democrática de 25 de Abril de 1974 tinham impedido uma guerra civil, ao mesmo tempo que indirectamente se tinham oposto à instalação de um regime comunista em Portugal.

domingo, 20 de novembro de 2016

O "ódio" da Procuradora aos "Comandos"


A Procuradora Cândida Vilar é a coordenadora da investigação, com a colaboração da Polícia Judiciária Militar, das mortes dos instruendos  Hugo Abreu e Dylan Silva durante o 127º curso de "Comandos". A decisão é da responsabilidade de Lucília Gago, directora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, e de Maria José Morgado,  que chefia a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa.
A escolha, segundo Maria José Morado,  baseou-se  na "inestimável experiência" e "provas dadas de firmeza, combatividade e capacidade de exercício da acção penal relativamente ao fenómeno da criminalidade especialmente violenta, altamente organizada ou de natureza grupal com características itinerantes ou transnacionais" da procuradora.
Posso retirar da opinião acima citada que Cãndida Vilar foi encarregada do caso por se suspeitar que um  grupo de militares especialmente violentos e organizados terão contribuído para um crime especialmente brutal. 
No currículo da Procuradora, alcunhada de Superprocuradora nos meios em que se move, consta a detenção do maior grupo de skinheads de sempre, liderado por Mário Machado (ainda preso), e vários processos mediáticos como o do Gangue do Multibanco, o dos No Name Boys e a Máfia da Noite. 
Desta feita, quiçá para evitar mais "barracas" como as fugas prolongadas do "Palito", do "Piloto" e dos árabes que se escapuliram do aeroporto de Lisboa, o Ministério Público, receoso talvez que os "Comandos" se entrincheirassem nalguma serrania e nunca mais os encontrassem, foi prender, com o devido aparato, sete "Comandos", médico responsável pelo acompanhamento dos recrutas e o director do curso e cinco instrutores. Os detidos, já como arguidos, segundo a PGR, são suspeitos de crime de abuso de autoridade e ofensa à integridade física.
A procuradora Cândida Vilar deduz que os sete militares detidos eram “movidos por um ódio patológico, irracional contra os instruendos, que consideram inferiores por ainda não fazerem parte do Grupo de Comandos, cuja supremacia apregoam, à gravidade e natureza dos ilícitos”. Ponto final. Isto, concluiu ela, ainda antes de o juiz de instrução ouvir os detidos. 
Fico agora a perceber, passando esta crónica ao plano da minha experiencia pessoal, que os meus instrutores do Curso de Operações Especiais (Rangers) efectuado em Lamego, no início dos anos 70 me "odiavam patologicamente" quando me mandaram marchar 90 km em 24 horas por serras e vales da Beira Alta, carregado com armas, munições e mochila, sem água, sem comida, com Técnica de Combate, campos de infiltração, rappel, fogo com metralhadoras pesadas, granadas e morteiros pelo meio, isto logo a seguir a uma semana de Dureza 11 no mato, sem dormir, água muito racionada e um pão e uma conserva de ração diária para sobreviver a todo este esforço. 
Era também "ódio patológico" contra a minha pessoa quando esses instrutores passaram semanas a insultarem-me e a minha família e a berram-me aos ouvidos que iria "morrer ali".  Por acaso ia morrendo mesmo quando o "tunel do amor", na serra das Meadas, desabou quando ia a rastejar de costas dentro dele e foi um dos cães, o Jack, que sempre nos acompanhavam, quem deu o alarme  e lá me retiraram a custo, meio sufocado, com o nariz e a boca cheios de terra. Vá lá, pelo menos o cão não me "odiava patologicamente"...
Acho que a Procuradora confunde "ódio patológico" com a encenação psicológica que é necessária e fundamental num curso de tropas especiais. E verdade que existem sempre instruendos que são mais causticados que outros mas isso decorre da forma como cada um reage ao esforço físico ou psicológico e quando erram são sujeitos a um TE (Tratamento Especial). Mas todos passámos por isso em Lamego. 
Se é verdade que um quartel não pode ser um "matadouro" também é verdade que não é um local de culto democrático. Ali impera o Regulamento de Disciplina Militar. 
Se estes cursos são demasiado duros para a sociedade de hoje é algo que, sem dúvida, deve ser discutido. Especialmente numas Forças Armadas com muito material obsoleto, desde espingardas a aviões, passando por navios. Não vale a pena esconder ou sobrevalorizar ou manifestar surpresa pela existencia de vítimas nos treinos militares. Houve dezenas de mortos no passado e haverá mais algumas no futuro. Eu fui testemunha de casos mortais.
È desonesto é que autoridades militarem, civis ou judiciais finjam que nunca se passou nada.



quinta-feira, 17 de novembro de 2016

"Comandos" ou "borboletas"?


A hipocrisia do País acerca de tudo o que envolve Forças Armadas é absolutamente desprezível. Toda a gente mais ou menos informada tem uma ideia sobre o seu funcionamento e organização mas faz de conta que ignora até a sua existencia. A populaça só acorda para abordar o tema quando acontece um acidente. 
Depois de uma guerra em Àfrica que se desenrolou em tres frentes e envolveu directamente mais de um milhão de portugueses entre mobilizados e serviços continentais, muitas histórias passaram de pais para filhos, de filhos para netos, de maridos para mulheres, embora muitos desses veteranos de guerra guardem para eles memórias bélicas de violencias vividas e sofridas. 
Não é de estranhar, por isso, que grande parte dos indígenas cá da terra conheça a existencia dos "Comandos" e da particular dureza da sua instrução. Essa preparação intensiva e altamente especializada pressupõe a realidade de perigos vários e inclusivamente mortais, como aconteceu desde a sua fundação, em 1962. 
Quando alguém se voluntaria para um curso de "Comandos" sabe, á partida, que tanto pode sair dos portões da unidade como desistente, como ferido, como dentro de um caixão ou com a almejada boina vermelha e crachá após 12 semanas de sangue, suor e lágrimas. Estas possibilidades são do conhecimento do Comandante da Unidade, do Comandante da Região Militar, do Chefe do Estado Maior do Exército, do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas e, no último degrau da hierarquia, o Comandante Chefe das Forças Armadas, o Presidente da República. Todos eles permitem a operacionalidade dos "Comandos" e, assim sendo, todos eles são coniventes com a vida e obra desta Especialidade.
A trágica morte de dois instruendos neste 127º curso despoletou uma onda de solidariedade para com a família das vítimas, como é normal, humano e natural, mas paralelamente ocasionou um tsunami de cinismo como se ninguém soubesse o que é necessário sofrer para chegar a "comando". No caso de se pretender criminalizar a ocorrencia então que se percorra toda a escala hierárquica das Forças Armadas e não apenas o comandante de instrução, os instrutores, o médico e os enfermeiros. 
Os cursos de "Comandos", como todos os outros, obedecem a um programa pré-definido e aprovado por altas instancias militares. Também dei instrução e nunca li em esquema algum se a preparação pára obrigatoriamente com calor, com frio, com vento, neve, chuva ou trovoada. Marchei e mandei marchar tanto com 40º em Santa Margarida como com -5º em Lamego, tanto na condição de instruendo como de instrutor. E houve mortos também. Mas naquela altura quem se importava? Não havia irmãs Ceausescu a imporem o fim dos "Comandos". 
A questão da água também levanta polémicas e opiniões contrárias. Até há pouco tempo era expressamente proibido beber água durante um treino ou um jogo de futebol por mais calor que se fizesse sentir. A FIFA e as federações ordenavam e os médicos dos clubes e das selecções obedeciam. Assim como na "minha" tropa o cantil era para andar cheio, não só para poupar o líquido para uma situação de emergencia como para o chocalhar da água no recipiente meio cheio não ser audível ao IN (inimigo).
Portanto, caros chefes militares, políticos "militarizados" e PR, ou querem "comandos" ou querem "borboletas"? 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Novos ventos no Mundo


Se fosse um tipo de me deixar influenciar por dá cá aquela palha diria que se respira um novo ar. A claustrofobia do politicamente correcto influía nocivamente nas conversas de café e via a democracia minguar cada vez que uma questão fracturante era festejada ruidosamente por radicais para quem os limites da Liberdade se cingia apenas ás fronteiras das suas ideias. Uma seca insuportável para quem, como eu, pensa que tudo se pode discutir e nada é tabu, seja no domínio das palavras ou no universo dos actos do dia-a-dia.
Existem novas correntes de pensamento a arejar o Mundo como consequencia das eleições americanas. O "status quo" amorfo, limitado, imposto por franjas minoritárias e obscuros grupelhos pseudo democratas de ex-admiradores confessos de figuras tutelares demoníacas ou ícones sanguinários sofreu um terrível abalo com a vitória de um solitário Trump ante uma super, hiper, mega apoiada Mrs. Clinton, representante de tudo o que tem sido contestado nas últimas 2-3 décadas. 
Nem os negros, fundamentais nas vitórias eleitorais de Obama, se deram ao trabalho de se deslocarem ás urnas para impedirem o "racista" Donald Trump de entrar estrondosamente pela Casa Branca (que designação mais politicamente incorrecta) adentro. A legião dos descendentes dos antigos escravos dos estados do sul percebeu, sentiu que tinha sido usada apenas como mera figurante para atingir o "yes we can" e recusou ceder ao canto da sereia enganador, hipócrita, oportunista da Hillary. E ficaram em casa. 
Quanto ao Obama, os seus irmãos de cor também não lhe deram ouvidos. A sua ladainha de pastor protestante desta vez não manipulou a comunidade que em tempos o levara ao colo para uma presidencia racialmente inédita. Quem topou todo este cenário de modo objectivo e assertivo foi o "czar" da Rússia, Putin, que enxerga mais com um olhos fechado que todos os imbecis que lideram o Ocidente com os dois abertos. 
Não há dúvida que há novos ventos a soprar no Mundo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

CGD é uma trapalhada do Estado


Caixa Geral dos Depósitos. O impasse sobre a situação dos novos gestores é uma incompreensível e inaceitável trapalhada protagonizada pelos mais altos magistrados da Nação. Estão envolvidos, enlameados e conspurcados nestas cenas eventualmente chocantes nada mais nada menos que o Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro das finanças, o governo no seu todo, a Assembleia da República e o Tribunal Constitucional, além dos gestores indigitados para dirigir a Caixa Geral dos Depósitos.
Perante todo este cenário negro, não é difícil considerar que o País está entregue aos bichos.
Irracionais. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Jornalista, 1 - Polícia, 0


A inoperancia das polícias no caso do "Piloto" Pedro Dias deveria merecer uma profunda reflexão. A verdade é que as forças responsáveis pela ordem e segurança dos cidadãos falharam em toda a linha. Mais uma vez. Segundo consta, o suspeito dos crimes de Aguiar da Beira esteve sempre debaixo do nariz dos agentes. Isto equivale a dizer que não foram feitos todos os esforços necessários para capturar o fugitivo ou então as técnicas de investigação estão a deixar muito a desejar.
È um facto, infelizmente, que a coordenação entre as múltiplas instituições policiais é deficiente para não ir mais longe e afirmar que praticamente não existe. Num dramático episódio como este quem manda no terreno? Ninguém sabe e cada um defende a sua "capelinha". Mais ou menos como se passa nos incendios. Mas isso é para outra conversa.
Já escrevi vezes sem conta que a preparação dos agentes carece de uma reestruturação integral. Passam a maior parte do tempo a "marrarem" actos administrativos e desleixa-se a componente operacional. Não é por acaso que a grande maioria dos policiais abatidos por marginais se deve a uma abordagem inicial completamente desadequada a situações de risco. A movimentação no terreno e o uso da arma propiciam as fatalidades.
Em toda esta embrulhada, no entanto, não se podem ignorar a incompetencia dos sucessivos governos que ao longo dos anos protegeram descaradamente os direitos dos criminosos e descuraram, por força de ideologias descabidas e monolíticas, os deveres efectivos e a capacidade operacional das forças da autoridade. 
E, entretanto, são os homens da lei caídos no terreno as vítimas mortais destas políticas assassinas engendradas por ministros e deputados.
Não foi por acaso que o "Piloto" se entregou a uma jornalista. Apesar da chuva de críticas de que foram alvo, os profissionais da comunicação social nunca arredaram pé da área onde se movimentava o homicida. O "faro" dizia-lhes que, mais tarde ou mais cedo, algo de importante poderia acontecer. Nenhum jornalista quer deixar para o colega os louros e o mérito da "cacha", da notícia. Desta vez, a medalha de ouro, o exito da missão coube á RTP e a uma dedicada jornalista. Sei por experiencia própria o orgulho que ela tem sentido desde então, numa profissão sem horários, fins-de-semana, feriados e quantas vezes com férias retalhadas por motivos de força maior. E como é raro esta classe queixar-se de excesso de trabalho, horários desregrados ou vidas familiares intermitentes. 
Ai se os jornalistas fossem funcionários públicos...

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

TRUMP - o Povo é quem mais ordena


A campanha eleitoral Trump - Hillary entrou para a história da América e dela se falará nos próximos cem anos. Trata-se de um "case study". De um lado, um candidato solitário, abandonado pelo Partido Republicano, vilipendiado pelos media, ostracizado pelas elites, desprezado pelos lóbis, insultado pela União Europeia e gozado pelo ainda presidente e respectiva primeira-dama, os primeiros negros a habitarem a Casa Branca sem andar a esfregar o chão, a lavar a loiça ou a limpar o pó. Do outro lado, uma candidata apoiada por todo o sistema, financiada por Wall Street, paga a peso de ouro pela Goldman Sachs e outros bancos pelas suas palestras, levada ao colo pelo Partido Democrata e uma constelação de partidários republicanos, elogiada pelos media, amada pelos lóbis, exaltada pela União Europeia e glorificada pelo actual presidente, mais a primeira-dama e restante família.
O Mundo na sua globalidade -- excepto a Rússia -- encontrava-se mais que preparado para festejar hoja a coroação de Hillary Clinton como a primeira presidente feminina dos Estados Unidos da América. As sondagens garantiam essa  vitória, os comentadores clamavam "urbi et orbi" o massacre eleitoral, os jornais antecipavam primeiras páginas com a Dona Clinton rainha do evento e o povo preparava-se para sair á rua e extravasar toda a sua alegria. 
Faltava apenas um pequeno pormenor para o Mundo -- excepto a Rússia -- manifestar este júbilo global: as eleições. E aí, como cantarolava o Zeca Afonso, o Povo é quem mais ordena. E ordenou que o eleito fosse o maltratado, achincalhado e solitário Donald John Trump. 
A Terra parou, o Sol desapareceu, as comemorações esvaíram-se em prantos, os jornais refizeram-se de fio a pavio, os especialistas em política esverdearam-se, os espíritos toldaram-se, as obscenidades multiplicaram-se, enquanto as diplomacias do planeta -- excepto a Rússia -- rodavam 180º. Num ápice, a esplendorosa democracia americana que colocara um negro na Casa Branca transfigurava-se, segundo uma atónita "vox populis", num regime de horrores capaz de eleger um crápula descendente de alemães e escoceses anti tudo e mais alguma coisa que não seja imaculadamente branco, legal e sexualmente normal.  
Pago para ver a cara do Barack Obama, que há anos humilhou cobardemente Donald Trump numa sessão pública na Casa Branca, quando for obrigado a tratar o seu sucessor por Mr. President...
Mas qual a explicação para tudo isto? São as eleições, estúpidos!


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Parabéns ao "General"

..."Hoje é dia de festa, cantam as nossas almas, pró gatinho "General" uma salva de palmas". Clap! Clap! Clap! Pois é. Há precisamente 15 anos que nasceu esta bela prenda felina no roupeiro aqui de casa. Filho da "Nika" e do "Patolas", ambos já falecidos, o "General" destacava-se da ninhada pelo seu pelo azul-cinzento reluzente e variável consoante a luz. A veterinária chegou a pedir-me o gato emprestado  para fazer uma "união de facto" com uma gata de uma amiga. Não deixei.
O meu "General" esteve algumas vezes prestes a ter um fim trágico. Talvez por ciúmes, o avo dele, o "Tomassas", ia constantemente ao "ninho" e abocanhava-o e fugia com ele nos dentes. Em várias ocasiões foi difícil tirá-lo inteiro das garras do "Tomassas". No entanto, o "General" lá cresceu e tornou-se um lutador excepcional, vingou-se das maldades do avo e tornou-se o chefe supremo da gataria cá da casa e todos fugiam de brigar com ele.
Muito meigo com as pessoas, o "General" tem um ódio de morte a cães. Atira-se a eles sem dó nem piedade e já esgatanhou um pitbull, imaginem!, uma boxer e vários "lulus". È inacreditável esta aversão aos pobres dos cães.
Há alguns anos salvou-se por milagre de uma infecção urinária e por cá anda feliz e contente, depois de recuperar da morte do pai, o "Patolas", que o depremiu de um modo preocupante. Esteve dias sem comer e beber e tive de animá-lo com atenções suplementares. Mas ainda procura os sítios do pai. 
O "General" gostava de passear, dá sempre uma volta á noite pelas escadas mas o seu grande vício é andar de...elevador. 
Parabéns, "General"!

sábado, 5 de novembro de 2016

Vão estar 700 polícias no futebol


Mais de 700 polícias estão mobilizados para manterem a ordem em redor do encontro de futebol entre o FC Porto e o SL Benfica, hoje, no Dragão. São quase dois batalhões a quatro companhias para acompanhar e controlar 50 mil adeptos, uns 45 mil afectos aos dragões e talvez 5 mil adeptos das águias. Na Guerra do Ultramar, recordo como exemplo, foram raríssimas as vezes que se efectuaram operações militares com tantos efectivos no terreno.
Mas na "guerra" do Futebol sempre são mais uns trocos que os agentes empocham para garantirem que o caos não se instala na Invicta e, quem sabe, dar uso aos cassetetes. 
Para estes eventos, feliz ou infelizmente, nunca faltam agentes, apesar de os 10 ou 12 sindicatos policiais choramingarem amiúde junto dos governos a existencia de uma gritante falta de efectivos e de meios. Não parece, pelo menos quando está em jogo a bola ou a bola em jogo.
Entretanto, na caça ao "Piloto", o presumível assassino de um gnr e de um civil, em Aguiar da Beira, actuaram no terreno, nos primeiros dias após os crimes, menos de metade de agentes das forças policiais do que as que hoje se encontram disponíveis para colaborarem num simples evento futebolístico. 
Por uma questão de curiosidade gostaria de saber quantos elementos das forças da ordem estarão hoje empenhadas no rasto do "Piloto". 
Eu calculo...

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Há muros e muros no México

Há um coro de indignação por esse mundo fora, especialmente entre os fiéis de Hillary Clinton, contra a promessa eleitoral de Donald Trump de construir um muro fronteiriço entre o México e os Estados Unidos para, segundo o candidato a presidente, impedir a entrada de criminosos e violadores hispanicos, ou latinos, ou mexicanos, como quiserem defini-los, no país. 
Acontece que no "vale tudo" das eleições americanas existem mentiras, meias-mentiras, meias-verdades e poucas verdades.
Já existe um muro de centenas de quilómetros nos 3 mil quilómetros de fronteira entre os Estados Unidos e o México. O facto é que o muro não tem sido reparado após os estragos infligidos pelos migrantes ilegais, o patrulhamento pelas autoridades tem sido descurado de tal modo que muito do controlo fronteiriço é efectuado por milícias populares armadas.
Os indignados contra o "muro de Trump", no entanto, não emitem um murmúrio contra o muro que fecha a fronteira entre o México e a Guatemala, justificando-se as autoridades mexicanas com os mesmos argumentos usados pelo polémico milionário americano.
A diferença é que ninguém liga ás eleições no México. Nem os mexicanos. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Os partidos que se governem sozinhos


Há por aí muitas vozes públicas que berram alto e bom som que os partidos políticos devem ser suportados pelo estado através dos orçamentos do dito. Discordo completamente. As organizações partidárias são o maior obstáculo ao desenvolvimento de Portugal desde que o golpe de estado de 25 de Abril mudou a face da nossa sociedade. 
Os lobos ávidos de poder e mordomias organizaram-se em alcateias prontas a abocanhar os recursos produzidos pela Economia e aprontaram-se a debitar leis que legalizassem o descarado assalto ao estado. E conquistaram-no. 
Consumado o crime de controlar a seu bel-prazer os dinheiros públicos com invias iniciativas parlamentares, foi imprescindível garantir a consolidação do novo regime com sucessivas vitórias eleitorais. Mas para ganhar é preciso prometer amanhãs que cantam e fingir de forma convincente que irão cumprir os praticamente clandestinos programas eleitorais.
Sem contar com a paixão e o religioso pagamento de quotas dos adeptos dos clubes de futebol que suportasse as máquinas partidárias, houve que procurar outros adeptos "fiéis" na hora de introduzir o papelinho na urna. E nada melhor que conquistar essa fidelidade através do divisionismo da populaça. Assim nasceu uma nova versão do "funcionário público", figura que fora fundamental para manter o regime autocrático de Salazar e Caetano. 
"Crescei e multiplicai-vos" ordenaram os chefes democratas-cristãos, sociais-democratas, socialistas e comunistas. Num ápice, eles reproduziram-se de 50 mil para 500.000 e daí para números tão estratosféricos que nunca se chegou a saber ao certo a quantidade exacta desta nova classe social, e inconstitucional, no auge do então denominado "monstro". 
O Estado Portugues esfumou-se nesta sanha do "ora agora ganho eu, ora agora ganhas tu" e a governação partidária recebeu um novo estímulo com os rios de dinheiro vindos das Europa. O delírio do dinheiro fácil foi geral Os agricultores trocaram os seus velhos tractores Ferguson por modernos e sofisticados jipes Toyota Rav 4, os pescadores afundaram as traineiras das fainas e tornaram-se empresários de construção civil bem montados em reluzentes Mercedes Classe C. Rebentaram pelo país, como cogumelos em terra húmida, bares de putas "importadas" do Brasil, discotecas, bares e vivendas com piscina e courts de ténis. 
Os partidos incentivavam este novo-riquismo com dinheiro dos fundos europeus, fechando os olhos á decadencia de fábricas e indústrias, dedicando as suas energias ás auto-estradas e rotundas que todos os lugarejos exigiam e os presidentes de camara e vereadores ofereciam em troca do tal voto.
Hoje, quando se discute a peixeirada do Orçamento de 2017 na Assembleia da República o cenário é de um país arruinado depois do fórróbódó dos anos das vacas gordas, prenhe de licenciados armados em doutores cujo futuro passa por uma carreira encostada á teta do estado ou simplesmente deprimem-se como empregados de mesa ou arrumadoras de quartos na floresta de hotéis que as guerras no Médio Oriente e no Norte de Africa empurraram para Portugal.
Não, de modo algum estou disposto que os meus impostos financiem partidos salteadores do estado, Jotas XPTO que não passam de universidades de impostores e edifícios grátis que abrigam toda esta choldra. Eles que se financiem, trabalhem, vendam rifas, arrumem carros, o que quiserem mas sem donativos das finanças públicas.