sábado, 7 de janeiro de 2017

O "padrasto da democracia"


Morreu Mário Soares. Lamento como pessoa o seu passamento. Como político foi uma figura controversa, ambicioso sem limites, autoritário, egocentrico, um péssimo primeiro-ministro, um Presidente da República só para os amigos. Tudo por ele próprio, alguma coisa pelo partido, nada por Portugal. E ainda uma descolonização lamentável que transtornou a vida de centenas de milhar de portugueses entregues á sua sorte e dezenas ou centenas deles massacrados antes de poderem fugir das colónias, notícias essas escondidas do grande público por gente canalha. 
Mais do que um Portugal de progresso e com um rumo de modernização, Mário Soares tratou de eleger-se a si próprio como um rei  dono e senhor do Partido Socialista. Malas com milhares de dólares em notas desaguavam no Largo do Rato e ajudavam na elaboração das fundações onde se alicerçava a sua Fundação. Macau era um maná. Stanley Ho um financiador, a Polícia Judiciária uma organização manobrada por interesses que não teve coragem de investigar além de Carlos Melancia.
"La democracie c' est moi" assentar-lhe-ia como uma pérola no seu brasão de monarca absoluto republicano. No 25 de Novembro fugiu para o Norte e foi acolhido por algumas das personagens mais sombrias que operavam nessa altura em Portugal. Padres, cónegos, bombistas de redes terroristas, militares de estirpe pinocheteana pretendiam avançar sobre a putativa Comuna de Lisboa com Mário Soares á cabeça. Ramalho Eanes, Jaime Neves e os Comandos estragaram-lhe essa glória. Os ingleses ainda foram na conversa do "socialista" e mandaram armas e um navio com combustível para Matosinhos. Os militares verdadeiramente democratas tinham, no entanto, vencido a batalha final com o PREC. A tropa marchou sempre á frente de Soares pela democracia. No 25/4 e no 25/11.
Os medíocres e os submissos selam  o cognome de "Pai da Democracia" a Mário Soares.  Pai foi, isso sim, do João e da Isabel, a quem endereço os meus sentimentos. Ademais, quanto muito, terá sido um "padrasto da democracia". E com muita violencia doméstica á mistura...

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