segunda-feira, 24 de julho de 2017

Costa como Salazar


A tragédia de Pedrógão Grande e arredores continua flamejante e sem perspectivas de arrefecer. Agora é o número de vítimas mortais que se contesta e também a lista secreta de vítimas que as autoridades guardam ciosamente só para si. Porquê? Tudo tem sido maus demais para ser verdade. Mas infelizmente é. 
O colapso das entidades oficiais desde o momento que deflagrou o incêndio foi total. Falhou a Protecção Civil, falhou a GNR, falhou o SIRESP e posteriormente falharam o Presidente da República na sua primeira mensagem optimista, o primeiro-ministro, o governo, a organização no terreno. Tudo.  Até a Polícia Judiciária ao garantir que a origem das chamas se tinha devido a um raio de uma trovoada seca e ao divulgar que tinha encontrado entre milhares de árvores carbonizadas a árvore partida pelo tal raio que o parta.
Desde então, foi oficialmente fixado o número de vítimas em 64. E nenhum órgão dependente do Estado abocanhado pelo partido de António Costa destoa dessa "ordem". A lista, no entanto, continua secreta porque o Ministério Público a encerrou no muito conveniente "segredo de justiça" que só funciona quando dá jeito... Entretanto houve o cuidado de só ser considerado vítima do fogo quem tivesse perecido queimado ou por inalação de fumo. Pelo sim, pelo não...
Não se via algo assim desde o consulado de António de Oliveira Salazar, aquando das cheias de Lisboa ocorridas em 25 de Novembro de 1967. Também aí o número de vítimas foi selado numa lista secreta. Esperem lá: mas nessa altura não se vivia em ditadura e actualmente em democracia? Ah ingénuos, o poder é soberano seja qual for o regime...
Mas há muita gente que rejeita a factualidade oficial dos 64 mortos e aponta, e investiga, para números muito superiores. O primeiro-ministro, com a boçalidade e a parvoíce natural que o caracteriza, afirmou sobre a questão: "o governo não conta mortos". Pois não, mas falhou na segurança das populações, não demitiu os incompetentes responsáveis que pululam nas organizações tuteladas pelo Estado e faz os possíveis e os impossíveis para lavar a face nas sondagens. 
Costa, como Salazar, é que mandam quem morreu ou não...

https://ionline.sapo.pt/artigo/573536/pedrogao-investigacao-aponta-para-n-mero-de-mortes-muito-superior-ao-anunciado-pelo-governo?seccao=Portugal_i

http://observador.pt/2017/07/24/__trashed-56/


quarta-feira, 12 de julho de 2017

O Estado (caricato) da Nação


Ufff! Que alívio. O Estado da Nação é o Paraíso do Costa. Melhor. Sem Eva nem maçãs. Mas com muitas serpentes traiçoeiras. A pior delas indiana. Venenosa. A tragédia de Pedrogão Grande não foi bem assim. Um raio malicioso fez arder uma árvore. Logo por azar um eucalipto, o único vegetal que arde furiosamente contra o governo. Tudo funcionou na perfeição. As pessoas que morreram, infelizmente, é que não tinham nada de estar ali. O SIRESP, adquirido por um António Costa que não é este António Costa por mais de 500 milhões de euros foi brilhante nas comunicações, nem uma chamada se perdeu, nem uma comunicação se extraviou. No combate eficaz ao fogo estiveram em foco os helicópteros Kamov, comprados por um António Costa que não é este António Costa. Não fosse esta previsão genial do governo e tudo teria corrido mal. Assim não foi. A Protecção Civil, a GNR, os comandos distritais e demais organizações, algumas delas lideradas por um António Costa que não é este António Costa, evoluíram no terreno com mais ligação e eficácia que o Real Madrid nas finais das Ligas dos Campeões. E nem foi preciso entrar em campo, melhor no eucaliptal, o Cristiano Ronaldo das Finanças, mágico Centeno. Mas é justo acrescentar que as lágrimas em cascata da ministra Urbana ajudaram e muito a controlar o braseiro.
Logo a seguir, outro desafio gigantesco se ergueu na caminhada triunfal da geringonça. Resolvido numa penada pelo segurança de serviço do governo, o Marcelo. Uns putos malandrecos fintaram a poderosa vigilância dos paióis de Tancos e após dura peleja com as dezenas de sentinelas intratáveis e escapuliram-se com algo parecido com os estalinhos de carnaval. Alguns alarmistas, anti-Costa decerto, vieram alarmar a malta com um pesadelo que seriam armas terríveis surripiadas por terroristas implacáveis. Os generais dividiam-se em opiniões desencontradas. E o Costa, este mesmo, a bronzear-se numa praia espanhola, lia os jornais e ria-se a bandeiras despregadas. E tinha razão. Como sempre. O general sobrevivente da batalha dos generais veio sossegar tudo e todos às televisões sob o olhar de águia do "cidadão indiano na diáspora" afirmando que o material desaparecido estava fora de prazo e nem serve para os No Name Boys, a Juve Leo ou os Super Dragões animarem os estádios. Além disso, o ministro da Defesa afiançava que o buraco na vedação é para o gato do comandante entrar e sair para ir às gatas e a vigilância por video está desactivada para a soldadesca não perder tempo a ver o YouPorn...
Portanto, como diria o comentador Marcelo, tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O lava-mãos relatado do Costa



A Estrada Nacional 236-1, onde morreram 47 pessoas no fogo de Pedrógão Grande, só foi cortada depois de se encontrarem os cadáveres das vítimas. O governo divulgou esta quinta-feira as respostas às 25 às perguntas colocadas pelo CDS-PP sobre a tragédia de Pedrógão Grande. O documento enviado pelo gabinete do Primeiro Ministro ao secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares explica a atuação da GNR em relação ao corte da "estrada da morte". "Segundo a GNR, até ao momento em que se verificaram as mortes, não foi comunicada àquela Força de Segurança qualquer decisão operacional relativa à necessidade de encerramento da estrada N236-1, não tendo sido recebida qualquer informação qu alertasse para uma situação de risco, potencial ou efetivo, em circular pela via em causa.
Assim, de acordo com a GNR, a decisão de cortar a estrada N236-1 foi tomada apenas após a localização das vítimas mortais, por volta das 22h15 horas de dia 17 de junho". Antes, a GNR já tinha cortado o IC8 na zona. A força não sabe ainda esclarecer quantos condutores foram encaminhados para a EN 236-1.  "Segundo a GNR, importa confirmar se as viaturas que circulavam na EN236-1, no momento da tragédia, entraram na referida via provenientes do IC8 ou a partir de múltiplos caminhos e estradas de pequenas localidades existentes nas proximidades (Vila Facaia, Nodeirinho, Várzeas, Pobrais e Alagoa), tentando sair da zona afetada pelos incêndios". Mais certo é o trágico balanço das vítimas nesta estrada. Foram 47 as pessoas que ali perderam a vida, 30 delas num pequeno troço. "De acordo com as informações fornecidas pela GNR, o número de vítimas na EN236-1 foi de 33 (30 num pequeno troço da via e 3 alguns quilómetros adiante). Segundo a mesma fonte, as restantes 14 terão falecido em estradas e caminhos de acesso à EN236-1, para a qual se dirigiriam em fuga do incêndio", lê-se no relatório.
Entre as 21 respostas dadas aos centristas, o documento do Governo, que junta informações dos ministérios da Administração Interna, Defesa e Justiça. Às perguntas 23, 24 e 25, Costa responde com uma afirmação de confiança em Constança Urbano de Sousa: "O senhor Primeiro-Ministro reafirma manter a confiança política na senhora ministra da Administração Interna".

Ler mais em: http://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/costa-admite-falhas-no-siresp-mas-segura-ministra-da-administracao-interna?ref=HP_Destaque

Este relatório do primeiro-ministro em férias é um insulto â memória das 64 vítimas mortais da tragédia. Expressa ainda uma desesperada tentativa de manter a imagem do primeiro-ministro "optimista irritante" caracterizada pelo sustentáculo deste governo de inutilidades, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.
Este manancial de desculpas engendrado por António Costa não passa de um branqueamento de um bando de histéricos e incompetentes que falharam em toda a linha na maior desgraça humana ocorrida no Portugal democrático.
Por mais gente que seja arregimentada nos órgãos de comunicação social como bóias de salvação desta geringonça motorizada pela flor do entulho da sucata socialista, os sobreviventes do inferno de Pedrógão Grande não se cansam e eximem de acusar as autoridades  de incapacidade operacional no terreno.
Mas o que conta para António Costa é a sobrevivência política. A dele e a dos amigos colocados em poleiros decisórios.
Peçam um relatório às vítimas. Então, sim, conhecer-se-ia a verdade!

terça-feira, 4 de julho de 2017

Instituições portuguesas não funcionam


As instituições portuguesas não funcionam e o País aproxima-se rápida e inexoravelmente do caos. E as tragédias sucedem-se. A começar por um Presidente da República que não exerce o cargo com a compostura que a missão exige. Pelo contrário, a hiper-actividade de Marcelo já cansa, a sua presença constante nas tvs a comentar tudo e todos enjoa e a sua clonagem ao primeiro-ministro e ao governo desgastam a paciência de quem é vítima de um executivo a trabalhar para os votos da função pública, com aumentos de rendimentos e diminuição de horas de trabalho, e a desprezar a iniciativa privada. Por outro lado, haver um comandante supremo das Forças Armadas que se livrou de envergar a sua farda, não se sabe bem porquê, não me soa muito bem. 
O governo do Costa está em banho-maria e o próprio a banhos de férias numa semana em que a política, tragédia e escândalos fervilham. O executivo está indelevelmente marcado pelos 64 mortos nos incêndios, 36 mortos nas praias e um roubo caricato de material de guerra de um paiol com buracos nas redes, a video-vigilância avariada e sem soldados de guarda às instalações.
A incompetência surge naturalmente quando os nomeados para os cargos de relevo são amigos do Costa ou indefectíveis partidários socialistas. A chorona ministra da administração-interna é um desses casos mais inacreditáveis de ascensão  ao poder por essas vias, o ministro da defesa não passa de uma personagem caricata, o líder da Educação permite que alunos com mais de quatro negativas passem para o ano seguinte, a dona da justiça é perfeitamente incapaz e quanto aos outros não passam de miseráveis nulidades. 
O país não está para abraços, está para ser remodelado com gente competente. Seja de que quadrante for. Repare-se neste exemplo de hipocrisia e oportunismo político. O Bloco de Esquerda "ardeu" com os incêndios e o Partido Comunista "desapareceu" com os roubos de Tancos. O PS está manco das suas muletas, refugiado, encolhido, à espera que a trovoada seca passe. E o Marcelo que vá distribuindo afectos por aí...


sábado, 1 de julho de 2017

Os soldadinhos de chumbo da Geringonça


Semanas depois de terem desaparecido dezenas de pistolas Glock, de 9 mm, dos depósitos de armas da PSP, surge um assalto bastante mais preocupante aos paióis de Tancos, tendo desaparecido material de guerra de assinalável importância, como lança-granadas (LGF) e respectivas munições, granadas de mão ofensivas, granadas de gás lacrimogéneo, munições de 9 mm (para pistolas tipo Glock ou pistolas-metralhadoras tipo Uzi), detonadores. rolos de arame (cordão detonante?). Curiosamente, ou talvez não, os assaltantes não levaram consigo granadas de mão defensivas (muito mais mortíferas que as ofensivas) nem munições de 7,62mm para espingardas automáticas do tipo G-3 ou AK 47. 
Espantou-me, como ex-militar e conhecedor do terreno, a falta de condições de segurança  actuais destes depósitos de material de guerra. Segundo consta, a vedação de arame tem buracos, o sistema de video-vigilância não funciona e a presença de militares de carne e osso resume-se a umas patrulhas efectuadas de tempos a tempos. Isto é o contrário a todas as regras de segurança e só pode ter passado à prática este esquema alguém perfeitamente incompetente e resguardado por uma cadeia de comando igualmente sem noção do que anda a fazer.
Mas não é nada que me surpreenda por aí além. Assisto de há anos a esta parte a uma degradação das nossas Forças Armadas e a ideia que infelizmente retenho é de que os nossos soldados estão a transformar-se em meros funcionários públicos e presentemente não passam de soldadinhos de chumbo da Geringonça abraçados por Marcelo, aquele que é por inerência do cargo o seu chefe máximo.
Custa-me dizê-lo, como ex-militar que fui, que o facilitismo e as "novas oportunidades" minam as Forças Armadas com a conivência das chefias, dos ministros da Defesa e do próprio Presidente da República, à excepção do general Ramalho Eanes. Hoje em dia, o pessoal anda ali a fazer um frete e a passar o tempo, a colocar fotos no Facebook e outras redes sociais com caras de maus e poses "rambolescas" quando nem sequer sabem marchar ou comportar-se numa parada. 
Salvo as raríssimas excepções dos Comandos, Rangers e Fuzileiros, os outros militares que desfilaram no 25 de Abril e no 10 de Junho iam desalinhados, sem convicção, mais se assemelhando a um bando do que a uma unidade militar. Simplesmente vergonhoso e deplorável mesmo quando assisti a uma mulher-soldado da FA a fazer continência com as pernas abertas...E ninguém passou uma valente "piçada" a esta gente.
No tempo em que estive em Santa Margarida, o serviço de guarda as paióis era feito 24 horas por dia por um pelotão (32 homens) fortemente armado, fazia-se um contacto rádio hora a hora e ainda passava uma ronda da Polícia Militar de tempos a tempos. O mesmo acontecia quando fazia o mesmo género de serviço nos paióis do Forte das Alpenas (Trafaria). 
Agora, no entanto, parece que os meninos e as meninas da tropa não podem apanhar calor, nem frio, nem chuva, nem vento, não  vão eles e elas constipar-se, coitadinhos. 
Ao longo dos anos, passou-se da geração da carne para canhão para as florzinhas de estufa. Assim, até a dignidade lhes roubam...