quarta-feira, 22 de março de 2017

Euros, copos e mulheres

O presidente do Eurogrupo, o holandes Jeroen Dijsselbloem, afirmou que os países do sul da Europa gastam o dinheiro que lhes é emprestado pela Europa em copos e mulheres. A acusação ou a observação do calvinista e socialista dos Países Baixos despoletou uma onda de indignação nos políticos portugueses, com o primeiro-ministro António Costa a classificar as palavras do seu companheiro ideológico de "xenófobas, sexistas e racistas". O costume, agora qualquer expressão fora do politicamente correcto é imediatamente catalogada com os estereótipo dos guardiões da moralidade.
Acho normal que um fornecedor de milhares de milhões de euros queira saber como o receptor dessas fortunas gasta o dinheiro que lhe é adiantada, seja em negócios entre estados ou entre particulares.
Esta postura de virgem ofendida de António Costa é tão descabelada como cínica. Sendo um político que sempre viveu à sombra do Estado, ou seja à custa dos impostos dos contribuintes e também dos fundos e empréstimos de Bruxelas, o actual primeiro-ministro sabe como ninguém por onde se escoam milhares de milhões de euros.
O "assassino político" de António José Seguro esquece-se ou quer-nos fazer esquecer que foi o nº 2 de José Sócrates e, como tal, detentor de muitos "segredos de Estado" que conduziram o país para o abismo da "troika". No entretanto vai-se descobrindo a escandalosa situação dos bancos e de muitas das maiores empresas portuguesas, agora definhadas pelas negociatas  investigadas pelas autoridades.
Há 40 anos que Portugal é um antro de corrupção e favores públicos e políticos e sabe-se como os dinheiros da Europa foram esbanjados numa percentagem significativa em bares de alterne e "importação" maciça de brasileiras e ucranianas para entreter os galifões das aldeias mais reconditas do país. 
Ainda se lembram da revolta das mulheres de Bragança?

domingo, 12 de março de 2017

O golpe de 11 de Março de 1975


O general António de Spínola e um grupo de oficiais de Direita tentou inverter no dia 11 de Março de 1975 o rumo político, social e militar do golpe de Estado ocorrido no dia 25 de Abril de 1974. Registaram-se confrontos entre unidades em Lisboa, o país entrou em ebulição e esteve à beira da guerra civil, mas, felizmente o bom-senso prevaleceu e as armas calaram-se.
No entanto, o país mudou radicalmente a partir dessa data. Spínola fugiu para Espanha com o seu estado-maior, os oficiais de extrema-esquerda ascenderam aos postos-chave do poder, o PCP incentivou as nacionalizações e o assalto às terras e às empresas, iniciando-se o período que ficou conhecido como o Verão Quente de 1975.
A História pode repetir-se, ou não, mas, actualmente, sem armas nem tiros, existe um cheirinho a PREC com esta Geringonça social-comunista do António Costa, amparado por Marcelo, Jerónimo e Catarina. Até quando se verá e até onde também. Os indícios são preocupantes e não auguram tranquilidade num futuro mais ou menos próximo. Veremos.

Encontrava-me em Lamego quando se desencadeou o golpe militar do 11 de Março de 1975. Era aproximadamente meio-dia e fazíamos exercícios de fogo real na Serra das Meadas. O ambiente de rara beleza natural acentuado pelo manto de neve estremecia com os disparos secos das G-3, o matraquear das HK-21, MG-42, Bren, Dreise e outras máquinas de matar de cadência rápida, intercalados com as explosões  imponentes dos morteiros 60 e 81.  Um jipe chegou em grande velocidade pelo caminho de terra. O alferes trazia uma mensagem urgente (relâmpago) para o oficial que se encontrava a comandar os grupos de Rangers que afinavam a perícia com as armas. O tenente leu a mensagem, chamou os oficiais e sargentos e conferenciaram. Os rostos fechados não auguravam boas notícias. 
O material bélico foi recolhido rapidamente para as Berliet e os Unimog e em menos de um fósforo iamos a caminho do Centro de Instrução de Operações Especiais. 
Os Rangers estavam sempre preparados para qualquer eventualidade com um grau de prontidão mais rápido que a própria sombra. Chegados ao quartel, depará-mo-nos com uma actividade ainda mais frenética que o normal. Montavam-se anti-aéreas quádruplas Breda, armadilhava-se locais estratégicos, espalhavam-se bidões de combustível pela parada. O pessoal estava todo armado e municiado até aos dentes. 
O oficial-de-dia, um tenente que sobrevivera milagrosamente no Ultramar à explosão de minas sob a sua Berliet por duas vezes, não teve papas na língua para informar todo o pessoal: 
-- Camaradas, a Força Aérea revoltou-se e anda a bombardear unidades em Lisboa. Não sei quem está a favor ou contra quem, mas aqui a questão é simples. Qualquer filho da puta que se atreva a aproximar do quartel é abatido! Está entendido ? A gente está com a revolução do 25 de Abril mas o nosso quartel é sagrado. Aqui ninguém mete as patas. Destroçar e cada um para o seu posto de combate.

O "filme" dos acontecimentos: 

[Elementos ligados ao movimento, incluindo António de Spínola. Reuniram-se em casa do major Martins Rodrigues.

8:00 – O coronel Moura dos Santos, comandante da Base, perante oficiais e sargentos, fez um briefing explicando os objectivos políticos, alvos a atingir e meios a utilizar. Os majores Mira Godinho e Neto Portugal e o capitão Brogueira reuniram com os comandantes e pilotos, distribuindo as missões que a cada uma cabia.
8.30 – Os oficiais, sargentos e praças da Base Aérea nº 3 foram informados de que a instrução normal do princípio da manhã fora cancelada. Perto, no regimento de Caçadores pára-quedistas, o coronel Rafael Durão reuniu os oficiais para lhes explicar a operação, dizendo ter recebido ordens do CEMFA (Chefe de Estado Maior da Força Aérea), o que não era verdade

9:00 – Em Tancos, entrou em cena o general Spínola que, no seu estilo grandiloquente, falou em nome da «pureza do processo de 25 de Abril», dizendo que para evitar «a prostituição das Forças Armadas», era preciso dizer “basta!” à escalada comunista. Enquanto o general perorava, na pista, aviões T-6, helicópteros e helicanhões eram abastecidos e municiados.

9:40 – Na Base Aérea nº 6 (Montijo) , o coronel Moura de Carvalho, comandante da base, colocou em estado de alerta todos os meios aéreos.
10.30 – O major Casanova Ferreira, comandante distrital da PSP de Lisboa, deu conhecimento do golpe a alguns oficiais daquela corporação.
10:45 – De Tancos, descolaram os seguintes aviões: dois T-6 armados com metralhadoras e ninhos de foguetes anti-pessoal, pilotados pelo major Neto Portugal e segundo-sargento Moreira, tendo como alvos, além do R. A. L. 1, as antenas da R. T. P. e Forte do Alto do Duque; dez 10 Allouette III, transportando um grupo de 40 pára-quedistas. Dois dos helicópteros estavam armados com canhão, tendo como missão o bombardeamento do R.A.L.1. Eram pilotados pelos major Zuquete e major Mira Godinho, aos canhões estavam os alferes Oliveira e primeiro-cabo Carapeta. Na operação inseria-se o lançamento sobre Lisboa de panfletos, missão que foi executada por dois dos heli-transportadores, pilotados pelos capitão Oliveira e tenente Jacinto. Os restantes heli-transportadores eram pilotados pelos alferes Chinita, alferes Afonso, alferes Mendonça, segundo-sargento Ladeira, segundo-sargento Souto e furriel Emaúz; três Noratlas com 120 pára-quedistas destinados a cercar o R.A.L.1.- dois T-6 desarmados, com missão de intimidação. Eram pilotados pelo capitão Faria e alferes Melo, ambos da B.A.7 e em diligência na B.A.3.
11:00 – O comandante da B.A.5 (Monte Real) o coronel Naia Velhinho, recebida uma indicação vinda de Lisboa por via normal, colocou a base em estado de prevenção rigorosa.
11:15 – A B.A.6 (Montijo) entrou também em prevenção rigorosa.
11:30 — Todas as Unidades da Força Aérea passaram a prevenção rigorosa. A esta hora chegaram à B.A.5, num Aviocar vindo de Tancos, o coronel Orlando Amaral e o tenente-coronel Quintanilha. Recebidos pelo comandante da Base, e na presença dos majores Simões e Ayala, enunciaram os tópicos da operação. Invocando o general Spínola, pediram a Velhinho que enviasse aviões F-86F para fazer passagens baixas de intimidação sobre o RAL1, a Avenida da Liberdade e o quartel-general do COPCON. Desconfiado, o comandante telefonou CEMFA, não obtendo resposta conclusiva. Entretanto o major Simões fez um briefing com os pilotos da esquadra dos F-86F, repetindo o que escutara no gabinete do comandante da base. Alguns oficiais manifestaram-se imediata e abertamente contra, recusando-se a aderir àquilo que, desde logo, configurava um golpe de direita.
11:45 — Chegaram à B.A.3, de helicóptero, o brigadeiro Lemos Ferreira e o tenente-coronel Sacramento Marques, delegados do C.E.M.F.A. e C.E.M.E., procurando esclarecer a situação.
11:45,/11:50 – O RAL.1 começou a ser atacado pelos T6 da Base Aérea nº 3, sendo atingidas as casernas dos soldados e os principais edifícios do aquartelamento. Morreu o soldado Joaquim Carvalho Luís e houve 15 feridos e muitos estragos nas instalações da unidade. Neste, ataque foram consumidas 220 munições de metralhadoras calibre 7,7mm e 99 foguetes Sneb 37mm anti-pessoal dos T-6 e 318 munições de MG-151 de 20mm dos helicanhões.
11:50 – Na base do Montijo aterraram dois helicópteros Alouette III, estando um armado. O héli desarmado aterrou numa das ruas de acesso à placa, tendo deixado um pára-quedista ferido e cujo piloto, o alferes Chinita, também ferido, viria a ser recuperado pelo heli-canhão uns metros mais à frente.
12:00 – Tropas pára-quedistas, do Regimento de Pára-quedistas de Tancos, sob o comando do major Mensurado cercaram o RAL 1. À mesma hora o COPCON iniciara a movimentação para neutralizar o golpe, ocupando o Aeroporto e encerrando-o ao tráfego civil No Quartel do Carmo, oficiais da G.N.R. no activo e outros afastados do serviço, comandados pelo major Freire Damião, prenderam o comandante-geral e outros oficiais fiéis ao MFA.

12:05 – As forças do RAL 1, comandadas pelo capitão Diniz de Almeida, tomaram posições de combate e estabeleceram um perímetro de segurança, ocupando prédios em frente do quartel.
12:20 – Da Base de Tancos descolaram três helicópteros Allouette, com 12 elementos para sabotar as antenas do Rádio Clube Português, em Porto Alto. Um deles estava armado com canhão, sendo pilotado pelo segundo-sargento Leitão, tendo ao canhão o segundo-sargento Bernardo de Sousa Holstein. Os outros dois eram pilotados pelo alferes Laurent e segundo-sargento Serra. A esta hora, da Base do Montijo descolaram cinco helicópteros com destino a Tancos tendo um deles levado o pára-quedista ferido ao Hospital da Força Aérea no Lumiar e juntando-se aos outros na Chamusca.
12.45 – No exterior do RAL 1 ocorreu o diálogo entre o capitão Diniz de Almeida e o capitão pára-quedista Sebastião Martins gravado pelas câmaras da RTP: “Diniz de Almeida: – porque é que o camarada não vem comigo ao COPCON? Reconhece ou não a autoridade do COPCON? o General Carlos Fabião, o Chefe do Estado Maior do Exército? Os nossos chefes deram-nos ordens contrárias…A si de atacar…a mim de me defender…Porque não deixamos que eles discutam o assunto? Sebastião Martins: – As Forças Armadas não estão consigo. Diniz de Almeida: – Se assim for, não terei a mínima dúvida em me render à maioria. Mas, que eu saiba, o Exército está connosco, a Marinha está connosco, só vocês é que não. Sebastião Martins: – Vamos ver. Vamos então esperar que os nossos chefes decidam.” Os dois comandantes, Coronel Mourisca do RAL 1 e Major Mensurado dos pára-quedistas deslocam-se ao Estado Maior da Força Aérea para esclarecer a situação e tentar um acordo]
Com o Centro de Instrução de Operações Especiais já preparado para "receber" quem quer que fosse com o rótulo de "IN" (inimigo), organizámos a segurança activa fora do perímetro do quartel, ocupando pontos estratégico em redor da cidade com pequenos grupos emboscados e a perspectiva de ir ao aeródromo de Vila Real rebentar com aquilo tudo. 
Com a fuga do general António Spínola e dos cúmplices do golpe para Espanha o objectivo da pista de Vila Real deixou de ser um objectivo concreto mas tomámos todas as estradas em redor de Lamego durante dias a fio. 
Felizmente, apesar da morte do soldado Joaquim Luís e de vários feridos no bombardeamento do Regimento de Artilharia, em Lisboa, o bom-senso prevaleceu e evitou-se por um triz uma sangrenta guerra civil. 

Já lá vão 42 anos. 

terça-feira, 7 de março de 2017

O PREC 2017


O PREC regressou a Portugal. A golpada do Costa nas Legislativas de Outubro de 2015 foi a génese do regresso do País ao Verão Quente de 1975. Este, no entanto, é pior. Mais manhoso e intrusivo. Enquanto no século passado o PREC se circunscreveu apenas à região de Lisboa e ao Alentejo, resistindo todas as outras regiões aos avanços da febre vermelha de Vasco Gonçalves e dos capangas militares do COPCON com especial relevância para a "fronteira" de Rio Maior e da sua célebre moca, este PREC 2017 deixa a população enebriada, adormecida, aparvalhada, inócua, conduzida mansamente pela linha social comunista, marista-leninista, trotskysta, maoísta, estalinista da extrema-esquerda do PCP e do Bloco de Esquerda, dos quais Costa é apenas um simples porta-voz e Marcelo um mero publicitário deste "status" politicamente vermelhusco.
Em 1975, encontrava-me a cumprir serviço militar e a minha unidade era disciplinada, respeitadora da liberdade e contra toda e qualquer forma de autoritarismos de esquerda ou de direita. Fomos nós e muitos outros camaradas de outros regimentos que evitaram o deslizamento de Portugal pela ravina de uma Cuba europeia abaixo. Mas também milhares de populares lutaram nas ruas das aldeias, vilas e cidades com todos os meios ao seu alcance para que a perfídia comunista não se instalasse ou pelo menos que não avançasse inexoravelmente. Ganhámos no 25 de Novembro de 1975.
Se a tropa de choque do PREC 1975 eram os operários e camponeses, a quem prometiam terras e fábricas alheias, a tropa de choque de 2017 são os funcionários públicos a quem diminuem o tempo de trabalho e aumentam os rendimentos sem que a economia minguada do país seja suficiente para suportar semelhantes mordomias.
Os sinais são preocupantes. A trapalhada da Caixa Geral dos Depósitos evidencia a vontade da nomenclatura de Marcelo + Costa + Jerónimo + Catarina resolverem o que é público em privado, a Assembleia da República é um couto do abominável Ferro Rodrigues, os caloteiros dos dinheiros da sociedade são ocultados atrás de cenários obscuros, a banca está desvalida, a produção de mais-valias para exportação é mínima, uma reunião num instituto com a presença de Jaime Nogueira Pinto é cancelada por pressão de alunos com foices e martelos intelectuais, um livro de José António Saraiva é mandado retirar do mercado por um Tribunal da Relação por via de uma antiga namorada de um antigo primeiro-ministro cujas fotos eróticas davam picas às paredes, a propaganda ao regime é insuportável na RTP, SIC, TVI, RDP, TSF, DN, JN, Expresso, um vómito de loas a uma geringonça destravada rumo ao autoritarismo. O ambiente tresanda a propaganda feita umas vezes aos berros outras vezes aos abraços.
Chega!