sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Golpe de Estado na Justiça


Assim como quem não quer a coisa, em pézinhos de lã capciosa, aconteceu um golpe de estado em Portugal no sector da Justiça. Os primeiros sinais foram dados quando a ministra ex-MPLA Van Dunen deu uma entrevista onde opinou que a actual procuradora-geral, Joana Marques Vidal, não deveria ser reconduzida no cargo, apesar de a lei permitir um segundo ou terceiro mandato. Os comentários divergiram na sequência das afirmações da titular do ministério justiceiro, mas o tempo foi diluindo os prós e os contras na opinião pública com as palavras dúbias quer do Presidente da República quer do primeiro-ministro. 
Os elogios à actuação da procuradora-geral eram unânimes e provenientes de todos os quadrantes. Políticos e não só. De repente, como se não houvesse amanhã, surgiu a notícia da decisão de substituir Joana Marques Vidal pela sua adjunta Lucília Gago. A "bomba" apanhou quase todos de surpresa. Astuciosos como raposas nas fábulas com o desgraçado do lobo, Marcelo Rebelo de Sousa veio logo a terreiro relembrar aos tansos, distraídos e mansos portugueses que desde há 20 anos defendia que o cargo de procurador-geral deveria ser exercido apenas durante um só mandato. Mas alguém se lembrava desse dogma político do comentador investido de presidente? Ninguém, excepto o manhoso primeiro-ministro António Costa que fez eco afinado como uma "boys band" com o PR. 
Significa isto, surpreendentemente ou talvez não, que a competência, a eficácia, o labor e os resultados positivos são premiados com o afastamento do cargo tão elogiado.  
Alguém respirou de alívio com este saneamento. Quem? Nada mais nada menos que os envolvidos, alguns já acusados e outros condenados, da Operação Marquês, onde estrebucham alguns amigalhaços de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa. Os suspiros de alívio desta gente quase causou uma ventania idêntica à do famoso furacão Katrina. Venha a Lucília Gago e que faça jus ao nome, segundo desejam alguns "desesperados"...

O segundo capítulo deste golpe de estado na justiça provou à saciedade como este povo anda anestesiado, adormecido, entorpecido, basbaque a ver passar os turistas. Mais uma vez a Operação Marquês no epicentro. Um computador instalado numa sala exígua e com uma dezenas de jornalistas armados de canetas Bic e papel, máquinas fotográficas e câmaras de filmar testemunharam um sorteio informático para encontrar o juiz que iria tutelar a instrução do processo e decidir se vai ou quem vai ou não a julgamento ou ainda se tudo se arruma na prateleira do arquivamento. No interior da máquina computorizada dois nomes para serem rifados: Carlos Alexandre e Ivo Rosa. 
Carlos Alexandre tinha sido o responsável pelo megaprocesso e conhecia todos os pormenores inerentes ao caso, contidos numa descomunal pilha de volumes. Ivo Rosa desconhecia praticamente todo o conteúdo que teria, tem, de analisar num prazo de quatro meses. Mais uma vez os protagonistas pela negativa, arguidos, suspeitos, acusados ou já condenados não escondiam, como uma claque organizada, a sua preferência por Ivo Rosa e esconjuravam Carlos Alexandre. 
O computador "andou à roda", como a lotaria da Santa Casa, e...pifou. Nova corrida, nova viagem, como na antiga Feira Popular e novo resultado nulo. À terceira foi de vez e dita claque organizada da Operação Marquês rejubilou: Ivo Rosa saiu na rifa da maquineta certamente feita na China. 
É curioso como ninguém demonstrou a mínima curiosidade em saber quais os motivos porque o programa informático só tinha respondido positivamente ao nome daquele magistrado. Ao primeiro falhanço não teria sido mais credível fazer o sorteio com dois papelinhos? Não, definitivamente o povo adormeceu profundamente à sombra daquela azinheira que já não sabia a idade...
O surrealismo de tudo isto ainda assume contornos mais sombrios quando a primeira declaração do juiz vencedor da lotaria justiceira foi no sentido de se sentir incapaz de cumprir os prazos estabelecidos pela lei porque tem outros processos em mãos e precisa de (muito) mais tempo para conhecer os conteúdos dos milhares de calhamaços da Operação Marquês, algo que o seu colega vencido Carlos Alexandre sabe de cor e salteado. 
Para compor este ramalhete que mais se assemelha a uma coroa funerária da justiça, Ivo Rosa foi corrido pelo governo de Timor-Leste, onde se encontrava em missão de ensinar (?) aos timorenses como aplicar a lei, e Lucília Gago, a nova procuradora, incompatibilizou-se com Joana Marques Vidal, a procuradora de saída, devido ao processos disciplinar instaurado à juíza Cândida Vilar por razões relacionadas com a investigação à morte dos instruendos dos Comandos. 
Confusos? Acredito que os mais sagazes já tenham extraído as suas conclusões. 

Terceiro capítulo. E veio o caso do furto de material de guerra dos paióis de Tancos. Aqui é o caos total. Um escândalo internacional e a credibilidade do país junto dos aliados da NATO afundada na lama. O Presidente da República, comandante supremo das Forças Armadas por inerência do cargo, declama umas frases vazias de conteúdo, e não só lava as mãos como Pilatos como enverga umas bermudas e banha-se dos pés à cabeça neste caso, incapaz de tomar as decisões que se impõem e exigem "doa a quem doer", como ele gosta de frisar mas sem actuar...

O governo de António Costa, nomeadamente o seu ministro da Defesa, já demonstrou por A+B+C e todo o alfabeto romano que é incapaz de assegurar o bem mais precioso da nação, que é a "segurança nacional". E ninguém se livra de responsabilidades políticas. Enquanto prossegue o lamentável cenário de uma total incapacidade de lidar com tão delicada situação, emerge ainda uma guerra aberta entre investigadores, da qual, até ao momento, resultou na detenção dos agentes  da Polícia Judiciária Militar e da GNR que recuperaram por meios mais ou menos ortodoxos o material furtado, enquanto os autores do crime andam por aí sabe-se lá a engendrar outro golpe que coloque em perigo a estabilidade do país. 
A Polícia Judiciária civil e muitos figurantes políticos ainda ressabiados com o 25 de Novembro de 1975 estão mortinhos para extinguir a Polícia Judiciária Militar que, como determina a lei, investiga "crimes de foro militar" e, assim sendo, o roubo de Tancos estava sob a sua alçada. No entanto, valores mais altos, e muito altos mesmo, se levantaram e o Ministério Público decidiu incluir a PJ civil nas investigações, com os resultados que se conhecem: investigadores militares presos e assaltantes livres como passarinhos. Um caso de estudo internacional.

E passarinhos são os portugueses que assistem impávidos, serenos e conformados ao golpe de estado em curso na justiça. Aguardemos pelos próximos capítulos...




quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Um país à deriva!


A tempestade perfeita que se abateu sobre Portugal deixou o país à deriva. Perigosamente desprotegido. Existe algo parecido com um Presidente da República mas que não é mais que um populista embrulhado em afectos e com uns laçarotes de selfies para português ver. A principal preocupação do seu reinado é a sua insistência no "consenso". O comentador da república apela por consensos em todas as matérias, uma táctica astuciosa para manter o seu lugar na paz do senhor e uma reeleição sem obstáculos ou oposição de monta. 
Acontece que Portugal é uma democracia parlamentar, ou deveria ser, e esse regime implica discussão, antagonismo, ideias opostas, programas diversos e intervenções políticas divergentes. Alguém deixou para a posterioridade, e muito bem, o primado da "discussão nasce a luz". Marcelo Rebelo de Sousa pretende as luzes todas apagadas. A escuridão, o silêncio, o vazio. 

Numa primeira fase do seu reinado, o presidente ainda andou pelo país a patrocinar e a aguentar um governo medíocre de ministros medíocres e um primeiro-ministro medíocre. A alucinada actividade de Marcelo Rebelo de Sousa substituía um António Costa desastrado, incompetente e desbocado. 
Quando aconteceu a primeira tragédia dos fogos, em Pedrógão, o presidente enganou todos os portugueses quando afirmou textualmente "foram feitos todos os possíveis". Era mentira. Aldrabou-nos de uma forma soez, como o demonstraram os relatórios independentes elaborados posteriormente por entidades insuspeitas. 
As lágrimas e os abraços presidenciais de então ocultaram a falência inadmissível da Protecção Civil, do INEM, dos CODUS e derivados, das comunicações, da GNR e de todos os  organismos dependentes do estado. Perderam-se 66 vidas mas salvou-se o primeiro-ministro António Costa e os seus débeis ministros, isto quando se exigia uma reacção forte, vigorosa, exigente postura de um presidente com coragem de mandar para a lixeira da memória toda aquela manada de labregos que vegetam pelos ministérios. 
O pior é que a tragédia se repetiu, meses depois, causada pelas mesmas circunstâncias, com consequências igualmente trágicas e falhas semelhantes dos mesmos protagonistas do estado. Mais lágrimas, abraços e acção a menos. Mudou-se uma ministra tipo dona de casa desesperada para tudo continuar na mesma. Infelizmente para Portugal. 

Nesta pasmaceira que se afunda numa dívida pública impagável e que sobrevive à custa dos subsídios europeus e da generosidade turística que nos visita, mais um escândalo absorve não só a atenção nacional mas também a internacional com o roubo de material de guerra dos paióis de Tancos. Aqui, sobretudo, a gravidade de um caso que foi descurado desde o início, atingiu as raias do absurdo. Portugal é um país que integra a organização militar internacional da NATO, organismo que recebeu a notícia com cepticismo e preocupação. Como se pode confiar num país onde se furta material altamente letal com a mais facilidade que roubar laranjas num supermercado. 
Mais uma vez houve comentador Marcelo a mais e presidente Marcelo a menos, com a agravante de ele ser o comandante-chefe das Forças Armadas por inerência do cargo. E o que aconteceu? Nada. Manteve-se o desenho animado ministro da Defesa, manteve-se um humorista Chefe do Estado Maior do Exército, exoneraram-se temporariamente cinco comandantes de unidades responsáveis pela segurança de Tancos, entrou em acção uma destrambelhada investigação levada a cabo pelo Ministério Público, a Polícia Judiciária e a Polícia Judiciária Militar. 

Nesta rábula inconcebível num país civilizado, prenderam-se os militares que, bem ou mal, recuperaram o material de guerra com capacidade para, por exemplo, destruir a Assembleia da República e assassinar toda a gente no seu interior, e deixam-se à solta os autores do crime. Neste puzzle trágico-cómico digno de uma peça de teatro para malucos do Júlio de Matos é anunciada a não recondução de Joana Marques Vidal do cargo de Procuradora-Geral da República, saída anunciada há meses pela ministra da Justiça ex-militante do MPLA e concluída por uma ardilosa conspiração da dupla Marcelo - Costa, que elogiou tanto a PGR que achou por bem demiti-la. No entanto, todos os incapazes do governo e das instituições mantêm os seus cargos. Alguém de bom-senso entende isto? 
Detidos os militares que recuperaram o material de guerra, acontece que um deles denunciou ao juiz que o inquiriu que informou o ministro da Defesa sobre o "modus operandi" da recolha das armas. E agora? Continuaremos a ouvir atenciosamente o Marcelo comentador ou finalmente aparecerá um Marcelo presidente e tomará as medidas que este país à deriva exige? 
Vou repetir: senhor presidente, o meu caro é, por inerência do cargo, comandante-chefe das Forças Armadas. 
Entendeu ou é preciso fazer um desenho? 

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Operação terrorista no assalto a Alcochete


O assalto às instalações do Sporting em Alcochete foi uma operação terrorista minuciosamente preparada. Quem fez cursos de anti-terrorismo no Exército sabe do que estou a falar. O grupo de cerca de 50 elementos fundamentalistas da Juventude Leonina preparou toda a acção ao minuto depois de conhecer o horário do treino dos futebolistas sportinguistas e das características do terreno circundante das instalações da academia.
Não se tratou de um incidente fortuito. Alguns sinais já faziam prever o pior. Desde o bombardeamento de tochas e petardos ao guarda-redes Rui Patrício, poucos minutos após o início do recente Sporting-Benfica, em Alvalade, uma grave infracção cobarde e negligentemente ignorada pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, até à emboscada efectuada na garagem do Estádio José Alvalade, depois do regresso da comitiva dos "leões" da Madeira, onde tinham sido derrotados pelo Marítimo (1-2) e "oferecido" o segundo lugar ao rival Benfica e ainda o bónus de uma eventual presença na milionária Liga dos Campeões. 
Em qualquer dos casos não existiu uma reacção enérgica por parte dos dirigentes do Sporting. 
Para o objectivo sinistro de Alcochete, o grupo terrorista cronometrou minuciosamente o tempo. Os automóveis onde se deslocavam ficaram estacionados a meio quilómetro da academia, fizeram o percurso até ao local pretendido em "passo de corrida", como é militarmente conhecido este modo de movimento, as câmaras de vigilância desligadas e, por fim, um ataque que teria de ser rápido e o mais violento possível. As milícias terroristas jogavam com o tempo de reacção das autoridades e a sua própria fuga após cumprido o objectivo. Assim sendo, em cerca de 5 minutos a equipa técnica, os jogadores e a equipa médica foram selvaticamente agredidos com barras de ferro, tacos e facas, tudo isto envolto numa nuvem de fumo de oriunda de tochas e material pirotécnico para evitar identificações e o clima de terror se adensar. 
As características do terreno, porém, não permitiam uma retirada mais fácil e rápida e daí vários elementos terroristas terem sido detidos pelas autoridades que reagiram também num curto espaço de tempo. A operação sob o ponto de vista da milícia, no entanto, seria um êxito. 
E que melhor cenário para outra acção violenta que não o Estádio Nacional, onde se disputará, no próximo domingo, a final da Taça de Portugal? 

quinta-feira, 26 de abril de 2018

O "25 DE ABRIL" ESTEVE CERCADO


O cariz romântico atribuído ao "25 de Abril" não corresponde, de modo algum, aos acontecimentos daquele dia em que a operação "Fim de Regime" derrubou o governo autocrático de Marcello Caetano através de um golpe de estado a que teimosamente por questões políticas se rotula de revolução. 

O dia escolhido, uma noite de quarta-feira, tinha como objectivo camuflar as movimentações militares como a "instrução nocturna" levada a cabo naquele dia de semana na grande maioria das unidades militares. Numa altura em que a vigilância das forças policiais afectas ao regime apertava após o fracassado golpe do 16 de Março das Caldas da Rainha, era absolutamente indispensável que a PIDE, GNR, PSP e Legião Portuguesa acordassem o mais tarde possível para reagirem à tropa rebelde na rua. 
O centro de operações encontrava-se instalado no Regimento de Engenharia 1, na Pontinha, onde "Óscar", nome de código do major Otelo Saraiva de Carvalho, dirigia coordenava as acçóes do Movimento das Forças Armadas. acompanhado pelos tenente-coronéis Garcia dos Santos e Nuno Fisher Lopes, major Sanches Osório, capitão Luís Macedo, comandante Vítor Crespo e mais quatro oficiais do RE 1: Frazão, Máximo, Reis e Cepeda. 
Eram dois os sinais combinados para o início da ação revoltosa. O primeiro ouviu-se pelas 22 horas e 55 minutos do dia 24 quando os Emissores Associados de Lisboa emitiram Paulo de Carvalho com a música “E Depois do Adeus”. Depois, no programa “Limite” da Rádio Renascença, Leite de Vasconcelos lançou a segunda e derradeira senha para o início do golpe de Estado, a canção "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso, antecedida da recitação do verso "Grândola Vila Morena/Terra da Fraternidade/O Povo é Quem Mais Ordena/Dentro de Ti, ó Cidade". Alea jacta est, os dados estavam lançados, como afirmou Júlio César antes de atravessar o Rubicão. 
As primeiras notícias, no entanto, não foram as mais entusiasmantes a chegar ao Posto de Comando. O Regimento de Infantaria 1, da Amadora, o Regimento de Infantaria 6, de Castelo Branco, e o CIAAC, de Cascais "borregaram", o que traduzido da linguagem castrense significava que voltavam com a palavra atrás e não aderiram à revolta. Por esta altura já se sabia que também não se poderia contar com o Regimento de Artilharia 1 (mais tarde Ralis), embora alguns oficiais garantissem que não interviriam nas operações. Uma neutralidade idêntica à da Marinha e da Força Aérea que ficaram a aguardar para que lado penderiam os acontecimentos. 
Chegam boas novas que animam os oficiais revoltosos: A Escola Prática de Administração Militar toma de assalto os estúdios da RTP em Lisboa, o Batalhão de Caçadores 5 entra no Quartel-General de Lisboa, a Escola Prática de Infantaria conquista o aeroporto da Portela, o Rádio Clube Português fica sob o controlo de um grupo de oficiais da Força Aérea.Uma coluna de carros de combate e transporte de tropas da Escola Prática de Cavalaria (EPC) comandada pelo capitão Salgueiro Maia instala-se no Terreiro do Paço. Corta os acessos aos ministérios, Banco de Portugal, Marconi, Câmara Municipal de Lisboa e 1.ª Divisão da PSP. Marcelo Caetano. "Toledo", nome de código da Praça do Comércio, será durante horas o centro nevrálgico onde se decidirá o golpe de estado. 
A situação chega a ser dramática, apesar do 1º esquadrão de reconhecimento de Lanceiros 2, comandado pelo alferes David e Silva se ter juntado às forças do capitão Salgueiro Maia em vez de as combater. 
Num curto espaço de tempo as tropas da Escola Prática de Cavalaria ficam expostas a uma situação delicada de cerco. A fragata Gago Coutinho, comandada por Seixas Louçã, pai do político do BE Francisco Louçã, deixa a força naval da NATO que sai nesse momento do Rio Tejo e navega para a frente do Terreiro do Paço, com as bocas de fogo apontadas para terra. No Campo das Cebolas estaciona um esquadrão de cavalaria da GNR proveniente do quartel de Cabeço de Bola. 
No lado oposto, após uma primeira vitória com a rendiçáo do esquadrão de reconhecimento EBR Panhard do tenente-coronel Ferrand de Almeida aos homens de Salgueiro Maia, irrompem nas imediações uma força liderada pelo Brigadeiro Junqueira dos Reis, 2.º comandante da Região Militar de Lisboa, constituída por quatro carros de combate M47, uma companhia de atiradores do Regimento de Infantaria 1 e alguns pelotões de Polícia Militar.
Dois dos carros de combate, comandados pelo major Pato Anselmo, colocam-se na Ribeira das Naus, os outros dois, comandados pelo coronel Romeiras Júnior, posicionam-se na Rua do Arsenal em frente das forças de Salgueiro Maia. O resultado do golpe de estado joga-se aqui e agora, dado o maior poder de fogo dos pesados M47, que destruíria facilmente os Panhard, AML e Chaimite da Escola Prática de Cavalaria. 
E aqui entra em cena a História. 
A coragem e o sangue-frio do capitão Salgueiro Maia aguentam uma situação dramática que é desmontada e neutralizada caso a caso. O comandante Vítor Crespo contacta o comandante Contreiras para este avisar o comandante da fragata Gago Coutinho, que esta se encontra sob a mira de fogo directo de quatro baterias de canhões 88 instaladas no Cristo-Rei, sob as ordens do capitão Mira Monteiro, capitão Duarte Mendes (que ganhou o Festival da Canção de 1972 com o tema "Madrugada") e dos tenente Andrade e Silva e Almas Imperial. Algum tempo depois, a fragata fundeia no Mar da Palha. 
As atenções viram-se para o major Pato Anselmo que recusa parlamentar com o alferes Maia Loureiro. O major Jaime Neves tenta convencer o comandante dos M47 a render-se ou a passar para o lado dos revoltosos. Ele recusa liminarmente. O tenente-coronel Correia de Campos, que se juntara ao capitão Salgueiro Maia, manda um ex-comando que combatera na Guiné, Brito e Cunha, resolver a questão. O ex-comando, à civil, chega junto do major Pato Anselmo e encosta-lhe uma postola Walther P38 ao peito e ameaça-o: "ou te rendes ou mato-te". Rendeu-se e foi preso. O major Jaime Neves assume o comando dessa força de M47 e ordena aos comandantes dos carros: "Virem para lá essa merda (os canhões) para o Tejo". Dito e feito. 
Na rua do Arsenal, ocorreram os momentos de maior tensão entre forças do regime e revoltosos. Após várias tentativas de negociação, e ameaças de fogo por parte das tropas do regime, o seu comandante, Junqueira dos Reis, incapaz de obrigar os seus homens, o alferes Sottomayor e os cabos apontadores das metralhadoras pesadas Browning 12,7mm a disparar com os carros de combate contra a figura imponente e solitária do capitão Salgueiro Maia, resigna-se de momento a tomar mais alguma decisão. 
É um momento fulcral no golpe de estado quando se desata finalmente este nó górdio que ameaçava toda a operação. Mas o perigo ainda não se esvaíra totalmente. 
O major Otelo Saraiva de Carvalho, resolvido este impasse, ordena que o capitão Salgueiro Maia se desloque com a coluna da EPC para o largo do Carmo, onde o presidente do conselho Marcello Caetano se refugiou no quartel da GNR, enquanto as restantes unidades, sob o comando de Jaime Neves, irão sitiar o quartel general da Legião Portuguesa que se rende sem grande resistência e não consegue, deste modo, interferir nas comunicações das unidades revoltosas. 
No Largo do Carmo existem novos momentos de tensão. O capitão Salgueiro Maia exige a rendição do quartel da GNR e consequente prisão do chefe do governo. Nesta altura já uma imensa multidão bloqueia completamente todo o espaço físico disponível. Numa primeira fase é a Chaimite liderada pelo tenente Santos SIlva quem dispara sobre a fachada do Convento do Carmo, a segunda descarga de fogo é feita pelos atiradores de cavalaria do capitão Tavares de Almeida. Mais uma vez o tempo urge e novo cerco volta a apertar-se em torno das forças da Escola Prática de Cavalaria, entalada nas ruas estreitas pelos homens da Polícia de Choque, da GNR e ainda dois blindados M47 de Cavalaria 7, com o brigadeiro Junqueira dos Reis no comando. Os receios adensavam-se com o boato de que um helicanhão estaria preparado para bombardear o Largo do Carmo, o que não chegou a concretizar-se. 
A poucos minutos de rebentar com o quartel com tiros das EBR Panhard, o capitão Salgueiro Maia foi interpelado por dois membros do governo, Feytor Pinto e Moreira Baptista, que juntamente com Rui Patrício convenceram Marcello Caetano a solicitar a presença no quartel do Carmo do general António de Spínola para "o poder não sair na rua". 
Finalmente o cerco ao capitão Salgueiro Maia desanuviou-se com a chegada da coluna de blindados do Regimento de Cavalaria 3, de Estremoz, sob o comando do capitão Andrade Moura. O golpe de estado terminara, mas... 
Na rua António Maria Cardoso, na sede da PIDE–DGS, elementos desta polícia política resistem, abrindo fogo causando 4 mortos e dezenas de feridos entre a população que aí se tinha juntado, um dos mortos era militar mas nem sequer estava de serviço na sua unidade. Também foi abatido pelos soldados um agente da PIDE. Nunca se fala nisso não sei porquê. Só na manhã do dia seguinte será controlada a situação com a rendição incondicional da PIDE-DGS, depois de uma confusão ainda hoje por esclarecer que envolveu os fuzileiros do comandante Pinheiro de Azevedo e militares de cavalaria de Estremoz, do capitão Armando Ferreira, não se sabendo se estariam ou quem estaria a defender ou a atacar a PIDE-DGS. Pelo menos o comandante Alpoim Calvão, no próprio dia 25 de Abril, defendeu uma polícia política que alguns militares pretendiam que continuasse... 
Mas este episódio, tal como o destino dos ficheiros da sinistra organização, continuam a ser um enigma de uma revolução que nunca o foi... apenas abriu as portas à escumalha que nos governa há 44 anos. A única excepção digna foi o Exmo Sr. General Ramalho Eanes.

sábado, 14 de abril de 2018

Guerra do Solnado à escala mundial na Síria


O Assad é um ditador e presidente da Síria. Sem dúvida. Saddam Hussein, no Iraque, e Mohamed Kadhafi, na Líbia, também o eram. Além de aliados por diversas ocasiões do Ocidente e financiadores de partidos políticos das democracias, como o PS de Mário Soares e Sócrates, em Portugal. E aqueles ditadores que mantinham na ordem milhares de candidatos a ditadores nos respectivos países caíram atraiçoados pelos amigos da onça ocidentais, abrindo-se as portas do inferno aos terroristas que atacam a civilização da limhagem greco-romana, salientando-se entre todas elas o famigerado "estado islâmico". 
À sombra de uma primavera árabe que depressa definhou em tempestade de inverno, tem-se mantido no poder o presidente sírio Assad, com o apoio da Rússia e do Irão e entretanto acossado por todos os estados vassalos dos Estados Unidos. 
Numa região onde todos dormem com todos como numa orgia romana, a guerra prometida por Trump, May e Macron, curiosamente todos com graves problemas internos nos respectivos países, iniciou-se esta madrugada com bombardeamentos aos "alegados" produtores de gases químicos, envolvendo toda uma panóplia de engenhos hiper, super, mega modernos oriundos das mentes brilhantes dos EUA, Grã-Bretanha e França. 
Mas será para levar a sério? 
Acho que nem o Solnado conseguiria melhor nas suas guerras radiofónicas. A Rússia avisou, há mais de uma semana, a Síria que iria ser bombardeada. Os sírios obviamente que evacuaram os lugares mais sensíveis. Assim sendo, os milhares de milhões de dólares de material bélico despejado sobre o território de Assad destruiu um hipotético laboratório de gases e dois prováveis depósitos de bilhas de gás, fazendo três feridos ligeiros e assustando meia dúzia de camelos mais nervosos. 
Aqueles trinta ou quarenta mísseis mais inteligentes que Trump, May e Macron e lançados por estes foram em parte inteceptados por mísseis tão inteligentes como Putin e o resultado foi um fogo de artifício mais pindérico que o fantástico, e muito mais barato, arraial da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo ou as tochas atiradas pelas claques dos clubes de futebol. 
Os sírios passaram uma noite entretida a olhar para os foguetes de alta tecnologia a estrelejar no céu da bela cidade de Damasco e de manhá vieram para as ruas festejar o espectáculo proporcionado pelas bolas de fogo inócuas com bandeiras da Síria, Rússia e Irão. 
Palavra de honra, já nem as guerras são para levar a sério...


quinta-feira, 22 de março de 2018

Um subsídio de alimentação de 10 cêntimos

O governo da Geringonça do Costa publicita números fantásticos no desemprego e na economia. Verdadeiros? Falsos? Eu desconfio muito dessa afortunada contabilidade porque não se descobriu petróleo, ouro ou diamantes e não vejo por aí florescer fábricas produtoras de mais-valias. 
Nesta riqueza mais ou menos virtual não deixa de ser escandaloso um contrato de trabalho registado este ano incluir um subsídio de alimentação no valor de...10 cêntimos. Isso mesmo, 10 cêntimos. Dará para um papo-seco. Isto pode ser considerado emprego? É com estes valores miseráveis que se apregoa uma descida no desemprego ou será que as pessoas redudizas à condição de escravatura contratual já desistiram, na sua maioria, de procurar sustento nos centros de emprego.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Os canalhas do Costa abraçados por Marcelo

Está mais que provado que o governo de canalhas do Costa, o refugo trágido do bando do Sócrates, conduz o país de tragédia em tragédia com um rasto de mortes por negligência, protegidos pelos abraços do comediante Marcelo. A troco de um punhado de euros de reversões, o povo anda anestesiado com a propaganda e nem reage às nocivas consequências das cativações para equilibrar contas de um país sem rumo, sem futuro, sem estratégia. São as mortes nos incèndios, nos hospitais, nas praias, nas estradas que aumentaram exponencialmente devido à política da geringonça mortal que infecta o país como uma bactéria mortífera.
Que se investiguem as negociatas do Costa, enterrado até ao pescoço em negociatas como os helicópteros Kamov que não voam ou do SIRESP que falha em todas as tragédias, o que, para cúmulo das barbaridades, está previsto em cláusulas contratuais.
Toda esta reles gente deveria estar a ser julgada e posteriormente condenada por homicídio por negligência. Investigue-se!

https://observador.pt/2018/03/21/incendios-governo-recusou-sete-pedidos-de-reforco-de-meios/