domingo, 18 de junho de 2017

Há 62 mortos. Quem se demite?


Um incêndio de proporções dantescas atingiu as densas florestas da zona montanhosa de Pedrogão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos vitimando 61 pessoas e destruindo dezenas de casas. Numa tarde de calor intenso e humidade nula, as chamas, segundo alguns especialistas, foram causadas por uma trovoada seca, com uma série de relâmpagos a iniciarem as ignições. 
Num golpe de vista absolutamente fenomenal,  o director nacional da Polícia Judiciária afirmou ter sido encontrada a árvore que originou a tragédia.
A PJ, em perfeita articulação com a GNR, conseguiu determinar a origem do incêndio e tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Inclusivamente encontrámos a árvore que foi atingida por um raio”, disse Almeida Rodrigues. Extraordinário. Melhor que encontrar uma agulha num palheiro...
Um responsável camarário rebateu esta hipótese e considerou tratar-se de fogo criminoso mas as suas declarações foram rapidamente abafadas.
Uma jornalista da RTP, Andreia Novo, descreveu deste modo a sua experiência:
"Sinto necessidade de vos contar o que eu e o Rui Castro vimos, sentimos. Saímos às 2h de Gaia, chegamos às 4h a Pedrogão. Os acessos estavam todos cortados. Percorremos centenas de kms e não havia sinal de bombeiros. As pessoas estavam todas na rua. Todas. Só depois das 5h é que conseguimos andar por estradas que ainda não estavam interditas, mas com fogo por todos os lados. Conseguimos passar. Às 6h começamos a encontrar os primeiros carros incendiados. Uns atrás dos outros. Desfeitos. 6h30, já com luz do dia, descobrimos umas aldeias no meio do fumo que cega de tão denso. Começam a surgir os corpos. Não consigo descrever bem, a partir daqui, o que aconteceu. Uns atrás dos outros. Famílias inteiras no chão, carbonizadas, e não dentro dos carros como alguns jornalistas têm avançado. Casas completamente destruídas pelas chamas. "São imensos menina, mas não podemos apanhá-los, não temos autorização" disse-me um bombeiro quando lhe perguntei pelos corpos. Falei com moradores de duas aldeias com cerca de 80/100 habitantes que já não diziam coisa, com coisa. Só falavam nas pessoas desaparecidas. "Isto é o inferno na terra, meu amor" disse-me uma idosa em lágrimas. Certo é que os bombeiros nunca lá foram até agora. Muitos dos que morreram são locais, fugiam de carro quando se despistaram, explodiram, ou simplesmente sufocaram. Nunca vi nada assim. E assim, só nós RTP captamos isto."
Tenho a certeza que toda a gente foi apanhada com as calças na mão. Previam-se dias de calor anormal e ninguém tomou as devidas precauções. As entidades oficiais preferiram o conforto do ar condicionado ao desagradável patrulhamento no terreno. A lenta reacção no terreno foi, sem dúvida, a causa maior daquelas terríveis mortes. 
Paulo Fernandes, professor "florestal" na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, considera que um fogo com estas características "excede a capacidade de extinção dos meios no terreno". "Quando muito, pode tentar-se controlar a cauda e as frentes do incêndio". Mas o professor universitário acha que a Protecção Civil poderia ter feito mais, antes de as chamas chegarem. "Eram conhecidas as condições esperadas para esta região. A vigilância deveria ter sido reforçada e os meios accionados mais cedo. Conheço a estrada [a EN 236-1] onde aconteceu o incêndio. É uma estrada estreita, com muitas curvas e ladeada de florestas de eucalipto, que são mais perigosas porque propagam o fogo as grandes distâncias. Não conheço as circunstâncias, mas talvez a estrada devesse ter sido encerrada mais cedo".
Concordo com ele.
Foi deprimente ver nas televisões o Presidente da República abraçar tudo o que mexia junto ao centro de comando da Protecção Civil. Que saudades da confiança transmitia um presidente como o general Ramalho Eanes. O primeiro-ministro já nem se lembra que foi ele, como ministro de um governo anterior, adquiriu o sistema de transmissões SIRESP por 400 mil de euros e que neste caso falhou em toda a linha, além de estarem inoperacionais mais de metade da frota de helicópteros pesados Kamov por falta de manutenção, aparelhos também adquiridos num consulado socialista com a assinatura de Costa. Mas, neste caso como em outros, o "optimista irritante" tenta passar pelos intervalos da chuva... 
Já devia ter pedido a demissão mas é demasiado ganancioso pelo poder para o fazer...
Tudo o resto nesta geringonça é uma tralha socialista sem qualidade. A ministra da Administração Interna sabe tanto o que faz como uma dona de casa desesperada. Choramingou umas informações e nem sabia os nomes das localidades. O mesmo se aplica ao bando de inúteis da Justiça, Saúde, Educação, Cultura, Defesa, Economia, Finanças, etc. Ninguém demonstra um mínimo de qualidade nesta equipa parida no Largo do Rato.
Há 62 mortos a lamentar. Quem se demite?






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