sábado, 1 de julho de 2017

Os soldadinhos de chumbo da Geringonça


Semanas depois de terem desaparecido dezenas de pistolas Glock, de 9 mm, dos depósitos de armas da PSP, surge um assalto bastante mais preocupante aos paióis de Tancos, tendo desaparecido material de guerra de assinalável importância, como lança-granadas (LGF) e respectivas munições, granadas de mão ofensivas, granadas de gás lacrimogéneo, munições de 9 mm (para pistolas tipo Glock ou pistolas-metralhadoras tipo Uzi), detonadores. rolos de arame (cordão detonante?). Curiosamente, ou talvez não, os assaltantes não levaram consigo granadas de mão defensivas (muito mais mortíferas que as ofensivas) nem munições de 7,62mm para espingardas automáticas do tipo G-3 ou AK 47. 
Espantou-me, como ex-militar e conhecedor do terreno, a falta de condições de segurança  actuais destes depósitos de material de guerra. Segundo consta, a vedação de arame tem buracos, o sistema de video-vigilância não funciona e a presença de militares de carne e osso resume-se a umas patrulhas efectuadas de tempos a tempos. Isto é o contrário a todas as regras de segurança e só pode ter passado à prática este esquema alguém perfeitamente incompetente e resguardado por uma cadeia de comando igualmente sem noção do que anda a fazer.
Mas não é nada que me surpreenda por aí além. Assisto de há anos a esta parte a uma degradação das nossas Forças Armadas e a ideia que infelizmente retenho é de que os nossos soldados estão a transformar-se em meros funcionários públicos e presentemente não passam de soldadinhos de chumbo da Geringonça abraçados por Marcelo, aquele que é por inerência do cargo o seu chefe máximo.
Custa-me dizê-lo, como ex-militar que fui, que o facilitismo e as "novas oportunidades" minam as Forças Armadas com a conivência das chefias, dos ministros da Defesa e do próprio Presidente da República, à excepção do general Ramalho Eanes. Hoje em dia, o pessoal anda ali a fazer um frete e a passar o tempo, a colocar fotos no Facebook e outras redes sociais com caras de maus e poses "rambolescas" quando nem sequer sabem marchar ou comportar-se numa parada. 
Salvo as raríssimas excepções dos Comandos, Rangers e Fuzileiros, os outros militares que desfilaram no 25 de Abril e no 10 de Junho iam desalinhados, sem convicção, mais se assemelhando a um bando do que a uma unidade militar. Simplesmente vergonhoso e deplorável mesmo quando assisti a uma mulher-soldado da FA a fazer continência com as pernas abertas...E ninguém passou uma valente "piçada" a esta gente.
No tempo em que estive em Santa Margarida, o serviço de guarda as paióis era feito 24 horas por dia por um pelotão (32 homens) fortemente armado, fazia-se um contacto rádio hora a hora e ainda passava uma ronda da Polícia Militar de tempos a tempos. O mesmo acontecia quando fazia o mesmo género de serviço nos paióis do Forte das Alpenas (Trafaria). 
Agora, no entanto, parece que os meninos e as meninas da tropa não podem apanhar calor, nem frio, nem chuva, nem vento, não  vão eles e elas constipar-se, coitadinhos. 
Ao longo dos anos, passou-se da geração da carne para canhão para as florzinhas de estufa. Assim, até a dignidade lhes roubam...


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