quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

As touradas na Assembleia da República



De quatro em quatro anos metade dos infelizes portugueses deslocam-se até ás urnas de voto para eleger um...uma... Ora aqui é que se encontra o cerne da questão da confusa e irracional política nacional. Elege um "coiso" ou uma "coisa", como se quiser. Os papelinhos dobrados pelos cidadãos não concedem a figura do primeiro-ministro nem constroem um governo. Nada. 
O método de D´Hondt das eleições legislativas sentam apenas 230 tipos designados por deputados, escolhidos pelos partidos não por mérito, não por qualificações extraordinárias, mas apenas e só pela fidelidade canina que demonstram pelo cacique partidário. E quanto mais calorosa e velozmente  abanar a cauda por submissão ao "alfa" melhor colocado ficará colocado na lista dos putativos candidatos a uma comissão de serviço descansada no Parlamento. Temos, portanto, esta gente sabe-se lá vinda de onde e sabe-se lá com que interesses próprios ou de terceiros a fazer de conta que representa o Povo portugues.
Numa Constituição mal-amanhada e a "caminho do socialismo" no seu prólogo frisa-se que o governo deve prestar contas á Assembleia da República, algo que não pode deixar de provocar uma gargalhada. Quem acompanha estas sessões, constatou-se, ao longo de quarenta anos, como os primeiros-ministros foram mentindo, manipulando, insultando, ocultando, gozando com os tais figurantes pomposamente considerados deputados, tratando-os abaixo de cão. Autenticas touradas á antiga portuguesa...
A probidade não é uma condição sine qua non para se trajarem estes cargos. Repare-se como o actual presidente da Assembleia da República e o actual primeiro-ministro se comportaram no "caso Casa Pia", em que chegou a estar implicado o deputado socialista Paulo Pedroso. Ferro Rodrigues foi apanhado em escutas telefónicas com António Costa a declarar "estou-me cagando para o segredo de justiça". Num país normal com uma classe política credível e civilizada toda esta tralha partidária teria sido atirada para a sucata da História. Mas por cá, onde campeia a mediocridade e má-formação cívica, continuaram as carreiras públicas como se nada se tivesse passado.
O desastre da engenharia política lusitana consuma-se quando, segundo a tal intragável Constituição, o Presidente da República, "tendo em conta o resultado eleitoral", tanto pode convidar para primeiro ministro um habilidoso qualquer que recolhe apoios ás escondidas como outro "zé da esquina" qualquer desde que seja um bronco que depois consiga conduzir a manada ministerial.
É tudo demasiado mau para ser verdade neste regime semi-presidencial+semi-parlamentar. Confuso e dramático para a saúde do país, Especialmente, quando, como agora, o Presidente da República se arvora em primeiro-ministro, que ciranda por aí como um miúdo pela antiga Feira Popular e um "pimeiro" que não passa de um segundo classificado sem qualificação. 
Há anos corria por aí uma anedota que terminava com a expressão "organizem-se". È o que Portugal urge fazer. Organizem-se!

Sem comentários:

Enviar um comentário