quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Caixa Geral dos Desesperados


Isto não tem nada que saber. Foi mais ou menos assim. O Costa lembrou-se que era preciso uma nova administração para a Caixa Geral dos Depósitos.  Reuniu-se com o Centeno e arranjou uma trupe que percebia de bancos e outra trupe escolhida sabe-se lá a razão. O Jerónimo concordou, a Catarina aceitou, o Marcelo incentivou mas o Banco Central Europeu mandou retirar da longa lista de "experts" todos aqueles que não percebiam uma patavina de bancos. Lembram-se? Até a Leonor Beleza fazia parte das "gorduras" que queriam impingir a Bruxelas. 
Ficou o Domingues e mais uns tantos com várias condições principescas como ordenados, regalias, direitos adquiridos e nada de publicidade aos bens pessoais de cada um. O Centeno gaguejou perante os contratos milionários mas o Costa sossegou-o. Como velho rato da política e especialista em dar a volta aos textos mais complicados, o Costa mandou-o seguir em frente mas com a condição de ser segredo de estado  o pequeno pormenor de ocultar da cusquice popular os bens pessoais dos novos gestores da CGD. 
Confiante na "palavra dada é palavra honrada" do poucochinho Costa, o Domingues deitou mãos á obra. Lixou-se. Já tinha idade para ter juízo e saber que os políticos são falsos como Judas e como os artigos de luxo provenientes da China...
O Costa, maquiavélico como sempre, conseguiu que o Marcelo desse o seu ámen a uma nova lei que mudasse o estatuto dos manda-chuva da CGD de modo que eles ocultassem os seus bens de curiosidades alheias. Ainda a tinta do diploma não tinha secado e já o Marcelo assinava o documento salvador da nova gerencia do banco do povo. O Centeio rejubilava e mandava a boa nova a Domingues enquanto os outros ministros, tanto nesta história como em outras, são meras figuras decorativas, como os suplentes nunca utilizados de uma equipa de futebol. Isto tudo na escuridão dos bastidores esconços da política.
Em público, a Catarina e o Jerónimo fingiam escandalizar-se com os altíssimos proventos milionários de Domingos & Cª e Centeno, Costa e Marcelo suspiravam de alívio pelo final da longa novela.
Pois, pois...
Assim, do nada, tanto o Marcelo como o Costa começaram a clamar que os rendimentos dos DDT da CGD teriam de ser apresentados no Tribunal Constitucional, ficando apenas no ar a dúvida se o TC permitiria ou não a sua divulgação. Ingénuo como um néscio na arte da política, Centeno começou a esboçar sorrisos amarelos devido a esta mudança súbita de cenário e a coisa piorou, e muito, quando o Marques Mendes propalou aos sete ventos (SIC) a existencia de uma lei poeirenta de 1983 que deitava para o cesto dos papéis  o diploma Costa-Marcelo atrás referido e obrigava Domingues & Cª a enfiaram no Tribunal Constitucional todos os espécimes materiais de que eram proprietários e que podiam ser consultados por qualquer pindérico.
A situação complicou-se e, como é usual nestes enredos, cada um tratou de salvar a respectiva pele. Soltaram-se pelos ares sms's, e-mails, smartphones, tablets, androids, velhos Nokias, facebooks, instagrams, hi5's, app´s, enfim, no maior engarrafamento electrónico da história da política portuguesa. Agora, ninguém é responsável por nada.
A única curiosidade, neste momento, com Centeno a chorar sobre o défice derramado em apenas 2,1%, é saber qual das velhas e sabidonas raposas se vai safar deste imbróglio: Marcelo ou Costa.
Tudo o resto é paisagem...

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