quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Jornalista, 1 - Polícia, 0


A inoperancia das polícias no caso do "Piloto" Pedro Dias deveria merecer uma profunda reflexão. A verdade é que as forças responsáveis pela ordem e segurança dos cidadãos falharam em toda a linha. Mais uma vez. Segundo consta, o suspeito dos crimes de Aguiar da Beira esteve sempre debaixo do nariz dos agentes. Isto equivale a dizer que não foram feitos todos os esforços necessários para capturar o fugitivo ou então as técnicas de investigação estão a deixar muito a desejar.
È um facto, infelizmente, que a coordenação entre as múltiplas instituições policiais é deficiente para não ir mais longe e afirmar que praticamente não existe. Num dramático episódio como este quem manda no terreno? Ninguém sabe e cada um defende a sua "capelinha". Mais ou menos como se passa nos incendios. Mas isso é para outra conversa.
Já escrevi vezes sem conta que a preparação dos agentes carece de uma reestruturação integral. Passam a maior parte do tempo a "marrarem" actos administrativos e desleixa-se a componente operacional. Não é por acaso que a grande maioria dos policiais abatidos por marginais se deve a uma abordagem inicial completamente desadequada a situações de risco. A movimentação no terreno e o uso da arma propiciam as fatalidades.
Em toda esta embrulhada, no entanto, não se podem ignorar a incompetencia dos sucessivos governos que ao longo dos anos protegeram descaradamente os direitos dos criminosos e descuraram, por força de ideologias descabidas e monolíticas, os deveres efectivos e a capacidade operacional das forças da autoridade. 
E, entretanto, são os homens da lei caídos no terreno as vítimas mortais destas políticas assassinas engendradas por ministros e deputados.
Não foi por acaso que o "Piloto" se entregou a uma jornalista. Apesar da chuva de críticas de que foram alvo, os profissionais da comunicação social nunca arredaram pé da área onde se movimentava o homicida. O "faro" dizia-lhes que, mais tarde ou mais cedo, algo de importante poderia acontecer. Nenhum jornalista quer deixar para o colega os louros e o mérito da "cacha", da notícia. Desta vez, a medalha de ouro, o exito da missão coube á RTP e a uma dedicada jornalista. Sei por experiencia própria o orgulho que ela tem sentido desde então, numa profissão sem horários, fins-de-semana, feriados e quantas vezes com férias retalhadas por motivos de força maior. E como é raro esta classe queixar-se de excesso de trabalho, horários desregrados ou vidas familiares intermitentes. 
Ai se os jornalistas fossem funcionários públicos...

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