quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Agentes a perseguir ou a fugir do "Piloto" fugitivo?

Há uma semana e um dia que Pedro Dias assassinou um militar da GNR e um civil e feriu outro militar e a esposa do civil abatido. Rezam as crónicas que partiram para o terreno em perseguição do implacável suspeito duzentos homens da GNR, os "normais", os de "operações especiais" (?), os dos cães, os do trãnsito, os dos postos da região e ainda a Polícia Judiciária, a PSP, carros descaracterizado, carros identificados, jipes, todo-o-terreno, carrinhas, helicópteros e sei lá que mais.
Volvidos todos estes dias e revolvidas cidades, vilas e aldeias, o Pedro Dias continua a escapulir-se pelas malhas da justiça na forma de "caça ao homem", com umas viaturas roubadas aqui e ali e umas fugazes aparições testemunhadas por residentes da zona (e não só) em locais díspares como se o homem tivesse o dom da ubiquidade. 
Conheço relativamente bem a região com um orografria diversificada de serras e vales, ladeira íngremes e lameiros planos, rios e riachos, matos e florestas, aldeias dispersas e moradias e palheiros isolados. Se a região é de difícil mobilidade para quem procura, também é factual que o perseguido não tem uma vida fácil nesta fuga depois de mais de uma semana sem uma cama confortável, umas refeições lautas, uns banhos retemperadores e roupa lavada. Isto além de enfrentar o frio da noite, a humidade constante, a chuva persistente, a escuridão ameaçadora e a lama escorregadia e pegajosa. 
Neste cenário adverso, só existem duas hipóteses concretas: ou o homem tem uma resistencia fora do comum ou está a ser ajudado por alguém, seja por amor seja por medo ou ameaças. Como palmilhei a pé centenas de quilómetros por cenários identicos quando fiz o curso de Operações Especiais, em Lamego, sei do que estou a falar.
Voltando ás forças da ordem que andam atrás de Pedro Dias é lícito perguntar quem comanda as operações, sabendo-se que nestes casos nenhum líder das mais variadas "capelinhas" em missão abdica do poder dos seus galões e cada um puxa a brasa á sua sardinha. E assim sendo as opiniões dispersas só conduzem ao fracasso.
Acompanho toda esta epopeia através das televisões que emitem imagens profusamente sobre a "perseguição" e francamente não me agrada o que vejo. São muitos os militares e as viaturas paradas em lugares óbvios como rotundas e cruzamentos ou dentro das aldeias em ruelas estreitas onde não dá para efectuar uma manobra rápida numa emergencia, ou carros muito juntos sem espaço para manobras, guardas com G3 na mão em posição negligente e contrária a todas as normas de uma eventual reacção rápida. 
Não ponho em causa o empenho de todos os envolvidos no objectivo de capturar o assassino mas registo muita inércia no terreno, como se em vez de perseguirem o fora-da-lei o estivessem a evitar ou a fugir dele até que um erro o denuncie. Não me parece o caso. As vitimas merecem Justiça.

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