terça-feira, 11 de outubro de 2016

Táxis e clientes

Não conheço a Uber nem utilizei qualquer outra organização similar. No entanto, por motivos pessoais e profissionais andei milhares de vezes de táxi quer em Portugal como noutras paragens do Mundo, desde a Europa á Àsia, do Norte de Àfrica á América do Norte. Não posso, assim, estabelecer comparações entre as diferentes organizações.
Ainda utilizei os velhinhos Mercedes-Benz "Matateu" 170 D, o último Mercedes-Benz 180 D da praça de Lisboa, com 3 milhões de quilómetros de ruas e estradas, a arfar para subir a auto-estrada nos Montes Claros. No estrangeiro, fui cliente desde os básicos Trabant a dois tempos e de cartão prensado na RDA, Roménia, Bulgária, etc., aos imponentes Cadillac Seville, na Arábia Saudita.
Nesses percursos curtos, médios, longos e muito longos fui conduzido por motoristas novos e velhos, limpos e sujos, faladores e sisudos, mas nunca por alguém malcriado. Sorte a minha porque ás vezes (muitas) o trajecto era feito por vias de pára-arranca (mais o primeiro que o segundo) como o IC 19 e muitos outros.
Face ás queixas de tanta gente acerca dos taxistas devo ser um indivíduo com uma sorte única. Sempre me ajudaram com as bagagens, muitos transportes de electrodomésticos, urgencias aos hospitais, serviços profissionais com espera, viagens com namoradas e ainda me devolveram carteiras e telemóveis esquecidos.
Entre tanta "corrida" de táxi fiquei com um rol interminável de histórias, desde um que queria matar os sogros por causa da mulher (não matou ninguém...), separações, amores proibidos, doenças potencialmente fatais e um deles que, ás 4h30 da madrugada foi chamado a uma empresa de Queluz de Baixo para entregar peças de uma máquina na...Polónia!
Ao longo dos anos habituei-me ás suas queixas das 12 horas de trabalho diárias, do trabalho aos domingos, feriados e dias festivos, dos assaltos de que eram vítimas e lamentei o assassinato de dois motoristas que conhecia razoavelmente bem da linha de Sintra. Pois é. Eles morrem em serviço. Foram cerca de 30 vítimas mortais em cerca de 40 anos. 
Na esfera do serviço público que prestam, os profissionais do volante aceitam conduzir, nas suas viaturas tantas vezes criticadas por falta de higiene ou cheiros incómodos, bebados, drogados, doentes contagiosos, prostitutas, grávidas prestes a parir, urgencias para os hospitais, ladrões, rufias, malucas que exigem pagar o serviço com sexo, espertos que garantem ir buscar dinheiro a casa e nunca mais aparecem  e ainda entram com os carros em bairros onde nem a polícia aparece. 
A manifestação de segunda-feira não foi um primor de educação. Mas quem ofendeu a propriedade alheia foi preso como manda a lei. De resto, tudo decorreu sem reparos de maior quer por parte dos manifestantes quer por parte da PSP.
São uns santos? Nem pensar. Há de tudo, como em todas as profissões. Eu não tenho razões de queixa.





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